Morros e verbas federais atrasadas

O problema pode se complicar devido às chuvas dos últimos anos, enxurradas violentas em curto espaço de tempo

Por: Da Redação  -  20/08/20  -  11:11

É preocupante, mas também previsível que, passados cinco meses das chuvas que deixaram 45 mortos na região, que as prefeituras ainda estejam aguardando recursos federais para evitar que tragédias assim se repitam. Segundo reportagem de A Tribuna publicada nesta quarta-feira (19), dos R$ 107,4 milhões solicitados a Brasília, apenas R$ 30,4 milhões foram devidamente encaminhados às cidades. Portanto, faltam R$ 77 milhões para serem recebidos pela região. Os trabalhos de reparo e também preventivos só estão sendo feitos nas áreas mais atingidas devido ao incremento de recursos próprios e do Governo do Estado (R$ 48 milhões), além da parte já liberada pela União. Deve-se observar que os investimentos esperados são importantíssimos para Guarujá, Santos e São Vicente, que concentram as áreas mais atingidas - são pontos, alguns deles densamente povoados, que têm potencial para registrar novos deslizamentos. O problema pode se complicar devido às chuvas dos últimos anos, algumas delas enxurradas violentas que se manifestam em curto espaço de tempo.


Os primeiros socorros, o amparo às famílias que perderam seus entes e a busca por sobreviventes dominaram o noticiário de imediato, mas ao longo dos últimos meses tem sido feito um longo trabalho silencioso de busca de recursos e de obras ou serviços de manutenção. Além de remover entulho e desobstruir galerias do entorno das áreas das tragédias, as verbas são importantes para aplicar concreto e malhas de ferro para impermeabilizar o solo e fortalecer as encostas. Em Guarujá, está em construção o sistema de drenagem que vai captar as águas pluviais e ao mesmo tempo desacelerar a descida das águas pelo Morro do Macaco Molhado. Porém, há outros locais ainda sem intervenções desse tipo, como Barreira de João Guarda e Vila Baiana. Quem mora nesses morros vive sobressaltado toda vez que chove mais forte.


Historicamente, governos são lentos para reagir frente às tragédias, ainda mais quando há uma necessidade maior de recursos para investir em obras para que o problema não se repita. Na repactuação dos recursos públicos, estados e municípios têm pouca margem para investir, enquanto a União fica com a principal parte do bolo. Portanto, é previsível que os outros entes da federação recorram a Brasília constantemente. É provável que as autoridades federais aleguem que o atraso para liberar recursos seja resultado da pandemia, que fez o deficit público disparar a proporções nunca antes imaginadas. Entretanto, a demora é uma constante quando se espera recursos federais. O caso dos morros da região é extremamente grave porque permanece urgente o reparo das encostas, lembrando que a época das chuvas se aproxima. As famílias dessas áreas sofreram perdas incalculáveis. Por isso, se espera que elas possam pelo menos continuar suas vidas sem medo de uma nova queda de barreira a cada temporal.


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