Mata Atlântica: devastação mais rápida

Fundação SOS Mata Atlântica divulgou importante estudo em parceria com o Inpe

Por: Redação  -  29/05/22  -  09:55
O levantamento traz conclusões preocupantes para os paulistas.
O levantamento traz conclusões preocupantes para os paulistas.   Foto: Agência Brasil

O desmatamento que tanto preocupa em relação à Amazônia também acelerou os passos desde 2020 na Mata Atlântica. O próprio crescimento das metrópoles das regiões Sudeste, Nordeste e Sul impõe uma dinâmica de destruição desse bioma, mas há também a transformação dessa área verde em pastagens e plantações. O alerta é da Fundação SOS Mata Atlântica, que na semana passada divulgou importante estudo em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


O levantamento traz conclusões preocupantes para os paulistas, inclusive a Baixada Santista, onde há regiões de mangue e a Serra do Mar, fundamentais para a biodiversidade do Litoral. O Atlas da Mata Atlântica, que reúne esse estudo feito pelo ONG, indica que o Estado reverteu um processo de recuperação para o de destruição, com 311 hectares perdidos no período 2020/2021, uma expansão de 43% sobre os 218 hectares de 2019/2020. O trecho devastado (os 311 hectares) equivale a 8% da área insular de Santos. É muito menos do que em outros estados, mas esse avanço abre brecha para destruição ainda maior nos próximos biênios.


Segundo o Atlas, no País, em 2020/2021, 21.642 hectares (5,5 vezes a área insular de Santos) da Mata Atlântica foram devastados, uma alta de 66% sobre 2019/2020 e de 90% sobre 2017/2018. Em Minas Gerais, foram 9.209 hectares; na Bahia, 4.968; e no Paraná, 3.299. Nesses estados, diz a ONG, há expansão do agronegócio contribuindo para a perda de Mata Atlântica. Enquanto no Paraná o desmate se dá na borda das fazendas, em Minas o problema está concentrado nas novas áreas de produção agropecuária (e não de expansão das já existentes). Por isso, é fundamental procurar as lideranças desse setor para discutir formas de desenvolvimento menos agressiva se voltadas à sustentabilidade.


Ao mesmo tempo – não há outro caminho –, é fundamental endurecer a fiscalização, tomando o rumo contrário ao do caminho trilhado mais recentemente. Conforme notícias da imprensa e o próprio discurso do governo de passar a “boiada” nas regras ambientais, houve um esforço para abrandar a legislação do setor e os resultados parecem estar sendo colhidos agora.


A Mata Atlântica precisa ser preservada por sua espetacular diversidade de flora e fauna e por se espalhar pela faixa litorânea e também onde restou, no Interior, em ecossistemas tão diferentes, com o mangue e restinga ou florestas de araucária no Sul. Mas a Mata Atlântica também é incrivelmente frágil por cercar metrópoles gigantesca como São Paulo e Rio de Janeiro e também a Baixada Santista, gerando o desafio do crescimento econômico sem sua destruição.


Por mais difícil que seja crescer e preservar ao mesmo tempo, é preciso achar formas de manter a Mata Atlântica. Os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes e a queda das encostas é uma prova disso.


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