Lições

Mais prudente seria manter o discurso de cautela com a pandemia até, pelo menos, o fim da temporada de verão

Por: Da Redação  -  29/11/21  -  07:35
Depois de quase dois anos de pandemia, já é possível identificar um leque de lições
Depois de quase dois anos de pandemia, já é possível identificar um leque de lições   Foto: Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC

Depois de quase dois anos de pandemia, já é possível identificar um leque de lições sob qualquer ângulo que se queira analisar. A lição mais antiga veio da Europa, logo no início da proliferação de casos por covid-19. Enquanto os países europeus já experimentavam restrições de circulação, fechamento de atividades e recomendação para o uso de máscaras, no Brasil o Carnaval corria solto de norte a sul, as aglomerações não eram proibidas e o sentimento era de que a pandemia ficaria restrita à Ásia e Europa.


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O tempo mostrou que o vírus não tem fronteiras e as recomendações de lá também seriam úteis para o Brasil e todos os demais continentes. O Brasil começou atrasado sua vacinação em massa, mas a eficiência do plano nacional de imunização logo colocou o País entre os primeiros no ranking, com percentual maior até do que nos Estados Unidos. Hoje, mais de 63% da população está com o esquema vacinal completo. No Estado de São Paulo, o índice é ainda maior: 75% dos paulistas já tomaram as duas doses da vacina.


A curva descendente de casos de contaminados e mortes, porém, pede cautela. Não se está aqui desconsiderando as orientações do Comitê Científico do Estado, que assina embaixo no mais recente anúncio feito pelo governador João Doria, a flexibilização do uso de máscaras a partir do dia 11 de dezembro, mas talvez fosse prudente aguardar as notícias que chegam da Europa sobre a nova variante da covid.


É compreensível que as demais medidas restritivas que vigoraram durante a fase mais aguda da pandemia estivessem dividindo as opiniões a provocando a ira de parte da população, em especial de quem vive do comércio, mas o uso de máscaras não entra nesse campo.


Some-se a esse fato o anúncio, feito por várias prefeituras Brasil afora, de que o Carnaval de 2022 será “o maior de todos os tempos”. Há uma demanda reprimida de pessoas ávidas por viajar, para fora e dentro do Brasil, e é bom que assim seja, porque setores como hoteis, restaurantes e todo o trade turístico foi dos mais atingidos. Mas é preciso cautela com os anúncios e os sinais emitidos pelas autoridades.


Especialistas são enfáticos em dizer que o vírus SarsCov 19 ainda não está plenamente estudado, que variações podem surgir em qualquer parte do planeta, então, a recomendação deve ser pela cautela ainda. Alguns países da Europa começam a viver a quarta onda da pandemia, e a quinta onda provoca novo lockdown na Áustria. Não seria mais prudente seguir com o discurso de prudência até, pelo menos, o fim da temporada de verão?


Ainda que sem o pleno apoio do presidente Jair Bolsonaro, a vacinação tem sido bem-sucedida, e a pior fase da pandemia já chegou ao fim, mas por tudo que se viveu nesses 20 meses de tragédia sanitária, pode não ser ainda o momento de abrir mão de máscaras e deixar de lado o discurso enfático dos cuidados preventivos.


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