Lições
Mais prudente seria manter o discurso de cautela com a pandemia até, pelo menos, o fim da temporada de verão
![Depois de quase dois anos de pandemia, já é possível identificar um leque de lições](http://atribuna.inf.br/storage/Opinião/Editorial_A_Tribuna/censurado4143720212086.webp)
Depois de quase dois anos de pandemia, já é possível identificar um leque de lições sob qualquer ângulo que se queira analisar. A lição mais antiga veio da Europa, logo no início da proliferação de casos por covid-19. Enquanto os países europeus já experimentavam restrições de circulação, fechamento de atividades e recomendação para o uso de máscaras, no Brasil o Carnaval corria solto de norte a sul, as aglomerações não eram proibidas e o sentimento era de que a pandemia ficaria restrita à Ásia e Europa.
O tempo mostrou que o vírus não tem fronteiras e as recomendações de lá também seriam úteis para o Brasil e todos os demais continentes. O Brasil começou atrasado sua vacinação em massa, mas a eficiência do plano nacional de imunização logo colocou o País entre os primeiros no ranking, com percentual maior até do que nos Estados Unidos. Hoje, mais de 63% da população está com o esquema vacinal completo. No Estado de São Paulo, o índice é ainda maior: 75% dos paulistas já tomaram as duas doses da vacina.
A curva descendente de casos de contaminados e mortes, porém, pede cautela. Não se está aqui desconsiderando as orientações do Comitê Científico do Estado, que assina embaixo no mais recente anúncio feito pelo governador João Doria, a flexibilização do uso de máscaras a partir do dia 11 de dezembro, mas talvez fosse prudente aguardar as notícias que chegam da Europa sobre a nova variante da covid.
É compreensível que as demais medidas restritivas que vigoraram durante a fase mais aguda da pandemia estivessem dividindo as opiniões a provocando a ira de parte da população, em especial de quem vive do comércio, mas o uso de máscaras não entra nesse campo.
Especialistas são enfáticos em dizer que o vírus SarsCov 19 ainda não está plenamente estudado, que variações podem surgir em qualquer parte do planeta, então, a recomendação deve ser pela cautela ainda. Alguns países da Europa começam a viver a quarta onda da pandemia, e a quinta onda provoca novo lockdown na Áustria. Não seria mais prudente seguir com o discurso de prudência até, pelo menos, o fim da temporada de verão?
Ainda que sem o pleno apoio do presidente Jair Bolsonaro, a vacinação tem sido bem-sucedida, e a pior fase da pandemia já chegou ao fim, mas por tudo que se viveu nesses 20 meses de tragédia sanitária, pode não ser ainda o momento de abrir mão de máscaras e deixar de lado o discurso enfático dos cuidados preventivos.