Indignação com a violência

O viável é buscar uma redução gradual da criminalidade em meio a programas sociais de melhora das condições de vida

Por: Redação  -  22/05/22  -  07:06
  Foto: Divulgação/SSP

Por mais que os casos de violência se repitam, não há como não se horrorizar com a persistência da criminalidade no País, que vem de décadas. Os governos passam e não se vislumbra um momento em que os cidadãos poderão frequentar praças despreocupadamente, fazer uma caminhada tranquila após o entardecer ou dirigir nas ruas e rodovias sem medo.


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Na reportagem que A Tribuna publicou ontem sobre a Operação Sufoco, da Polícia Militar, em Guarujá, o repórter sintetiza em quatro linhas a onda de crimes que o distrito de Vicente de Carvalho enfrentou desde o começo do mês – explosão de banco, duas lojas arrombadas e assalto a um supermercado, que terminou em tiroteio, causando a morte de uma mulher.


É esperado, infelizmente, que registros tão ou mais graves que esses se repitam nos próximos meses em cidades médias ou grandes metrópoles dos estados. Entretanto, não se deve se render à violência e é preciso cobrar respostas das autoridades. Não soluções passageiras, mas medidas de longo prazo.


Questionados sobre temas de violência pela imprensa, os governos costumam expor estatísticas que, por ventura, podem até revelar quedas percentuais em alguns ou mais tipos de crime. Mas o que a sociedade busca não é ganho pontual e, sim, uma conquista da liberdade para frequentar as ruas e, claro, ficar seguro em casa. As promessas se multiplicam nos períodos de campanhas eleitorais, quando inundam os ouvidos dos eleitores. Depois, quando os vencedores do pleito entram em atuação, as expectativas são frustradas, a criminalidade persiste e o Brasil continua em sua espiral de violência como nos últimos 50 anos ou mais.


A experiência que se tem é que não há bala de prata e que grandes operações policiais não inibem no geral a audácia dos bandidos. Alguns especialistas e até autoridades da segurança pública, em entrevistas, já afirmaram que a sensação é de enxugar gelo. Coíbe-se de um lado; de outro, a Justiça é morosa ou branda, e os bandidos logo reincidem com seus crimes.


O que se vê nos últimos tempos é que há muitas ondas de crimes, que são substituídas por outras conforme são reprimidas pela polícia. Como sequestros de parentes de famosos, assaltos a bancos, explosões de caixas eletrônicos, o novo cangaço (grandes e violentos ataques a bancos em pequenas e médias cidades), roubo de blusa ou tênis de marca e celular para revenda ou, agora, para fazer Pix.


Não se espera um milagre contra a violência. O viável e sensato é buscar uma redução gradual da criminalidade em meio a programas sociais de melhora das condições de vida nos bolsões de miséria e mais qualidade na educação, única forma de garantir uma evolução da renda desde a juventude. São iniciativas que precisam avançar de um governo para outro, tornando-se política de Estado, entrelaçadas e conduzidas por servidores de carreira pública, sem conexão com o trampolim eleitoral.


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