Guerra sem fim
O efeito mais visível da guerra são as vidas perdidas e o rastro de destruição. Entretanto, prejuízo tem alcance maior
![Além da destruição e morte de civis no Leste Europeu, a Guerra na Ucrânia tem consequências globais](http://atribuna.inf.br/storage/Opinião/Editorial_A_Tribuna/censurado1152705812253.webp)
Em sua tentativa de defesa, a Ucrânia continua recebendo apoio do Ocidente. Os Estados Unidos conseguiram convencer cerca de 40 países aliados a enviar mais armas às forças locais para conter o avanço da Rússia. Isso acontece depois de uma visita surpresa do primeiro-ministro britânico Boris Johnson e de autoridades norte-americanas ao presidente Volodymyr Zelensky em Kiev, o que tem grande peso diplomático.
Em Moscou, o chanceler russo Sergei Lavrov afirma com todas as letras que a interferência ocidental aumenta o risco da terceira guerra mundial. Além disso, de acordo com ele, o envio de armas à Ucrânia poderia espalhar a guerra por outros países da Europa, o que já começa a se comprovar pela represália russa de cortar o fornecimento de gás para Polônia e Bulgária.
Com um dos principais arsenais bélicos do mundo, os russos seguem confiantes para o enfrentamento e seguros de que suas motivações são legítimas. Nem as sanções econômicas capitaneadas pelos norte-americanos parecem conter o ímpeto de Vladimir Putin. Na última quinta-feira, a Rússia bombardeou Kiev enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitava a cidade, em uma ofensiva que teria deixado ao menos um morto.
Ao iniciar o ataque, Putin colocou em dúvida a soberania ucraniana como nação, mostrando que ainda não superou o fim da União Soviética, três décadas depois. Não que ele tenha saudade do comunismo. A questão é concentrar o poder sobre todas as repúblicas que integravam o regime soviético.
A partir do momento em que não reconhece a Ucrânia como nação independente, a Rússia tampouco aceita a aproximação do vizinho com o Ocidente e a Otan, a aliança militar entre países da América do Norte e da Europa que foi criada a partir da escalada da Guerra Fria. A organização é liderada pelos Estados Unidos, o que nunca vai ser bem-visto pelos russos.