Fôlego do turismo

A fluidez do crédito é a principal estratégia do momento. Sem capital de giro e razoável frequência de clientes será difícil resistir

Por: Da Redação  -  19/08/20  -  11:00

A pesquisa realizada pela Secretaria Estadual de Turismo, publicada ontem em A Tribuna, é um alento aos empresários do setor na Baixada Santista, considerando as imensas dificuldades que hotéis, restaurantes e profissionais do setor passam desde a pandemia. Segundo o estudo, as restrições a aglomerações e falta de recursos, que desestimulam viagens longas e caras, devem beneficiar a atração de turistas à região. A estimativa é que 4,187 milhões de visitantes paulistas poderão deixar R$ 3,7 bilhões nas nove cidades da área metropolitana até o fim do ano.


Não se deve iludir com os números da pesquisa, pois a previsão é de queda em relação ao ano passado. O cenário segue extremamente desafiador, principalmente porque uma recuperação em ritmo mais acelerado depende do arrefecimento da disseminação do novo coronavírus e da tão esperada vacina. Sem essas condições, os negócios turísticas permanecem subordinados às regras antiaglomeração e a uma clientela indisposta a estabelecimentos com alta ocupação. Por mais que as imagens da imprensa exibam pessoas sem máscara ou desrespeitando as regras sanitárias, a frequência de hotéis, restaurantes, bares, casas noturnas e até as praias seguirá abaixo das tendências passadas. Isso resu</CW>lta em menor faturamento e dificuldades para cobrir os custos com as portas abertas.


Hoje, fazer caixa rapidamente é a regra de sobrevivência das empresas com atividades típicas do comércio. Considerando as dificuldades de muitos negócios, principalmente os de menor porte, de fazer investimentos para criar novos produtos, a inovação fica muito comprometida. Por isso, é preciso que os empreendedores do turismo atuem coordenados para cobrar das prefeituras e do Governo do Estado as melhores condições possíveis para trabalhar. Segurança pública e rodovias em ordem são as reivindicações mais óbvias, mas a fluidez do crédito é a principal estratégia do momento. Sem capital de giro e razoável frequência de clientes será difícil resistir. Não se deve esquecer que os negócios turísticos empregam trabalhadores de baixa capacitação – conclui-se que o abandono desse setor à própria sorte poderá engrossar as estatísticas do desemprego em níveis acima do esperado. Aliás, as previsões não são nada animadoras.


As autoridades também têm outra colaboração a prestar ao setor turístico, que é a realização de eventos que estimulem o turista a gastar na região. Contra isso, pesam as regras sanitárias. É muito difícil, admite-se, planejar uma programação cultural ou esportiva sem saber se até a realização as restrições estarão em curso, lembrando que elas podem ser retomadas em caso de segunda onda de contaminação – basta observar o repique de casos registrado na Espanha e Itália. Entretanto, nada impede que se programe microeventos e outras atividades que não exijam grandes multidões. Ficar parado e se consternar são caminhos bem piores. 


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