Fim do isolamento

A troca no Ministério da Saúde, com a nomeação de Nelson Teich, tornou mais forte a possibilidade de início da flexibilização do isolamento social

Por: Da Redação  -  19/04/20  -  23:12

A troca no Ministério da Saúde, com a nomeação de Nelson Teich, tornou mais forte a possibilidade de início da flexibilização do isolamento social, defendido de modo firme pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Embora não devam acontecer mudanças bruscas na atual orientação, o assunto será inevitavelmente tratado nas próximas semanas.  


Não se trata, porém, de algo simples. Especialistas alertam que para encerrar o confinamento - ou pelo menos flexibilizar as atuais regras - é necessário construir uma estratégia desenhada por grupos multidisciplinares, com técnicos de várias áreas, que devem levar em conta os cenários possíveis para o retorno das atividades.  


O caráter gradual da retomada é inevitável. Não será possível, subitamente, reabrir o comércio e os serviços paralisados, tendo em vista que o contágio a covid-19 prossegue, e não será interrompido em pouco tempo. Não há remédios, apesar de intensas pesquisas em desenvolvimento, nem vacina, que só deve existirem2021ou 2022. Teme-se pelo risco de outras ondas de problemas, e a atual seria apenas a primeira, em que a sobrevivência ocupa papel fundamental.  


Não se pode perder de vista que, por um bom tempo, formas de isolamento social terão que ser adotadas como caminho eficaz de achatar a curva de crescimento dos casos do novo coronavírus, e assim evitar colapso nos sistemas de saúde, uma vez que, se grande parcela da população vier a ser contaminada ao mesmo tempo, não haverá leitos, UTIs ou respiradores para todos.  


Admitida a hipótese de retomada das atividades, é preciso considerar que a reabertura será parcial, não atingindo todos os segmentos. Escolas e universidades não deverão ser as primeiras a voltar a suas atividades normais, e o comércio terá que funcionar com muitas restrições: horários, atendimento reduzido e controlado, normas de segurança quanto a máscaras e higiene. Restaurantes terão que operar com capacidade menor (fala-se em 30% do total), com espaçamento entre mesas, e cuidados ainda maiores para evitar contatos e proximidade. 


 Iludem-se os que imaginam que a economia voltará ao normal imediatamente. As restrições serão muitas, e consumidores estarão receosos, evitando correr às lojas, bares e restaurantes. Serviços pessoais, como corte de cabelo, salões de beleza e podologia, em que há proximidade dos profissionais com sua clientela, sofrerão durante algum tempo. Mesmo com escolas reabertas, pais terão receio de enviar seus filhos às aulas nas primeiras semanas.  


Os auxílios emergenciais a pessoas e empresas, por parte do governo, terão que continuar. Proprietários de imóveis não poderão cobrar alugueis integralmente quando o comércio e os escritórios começarem a reabrir. Não haverá fim do isolamento em prazo curto, mas um salutar processo de transição. 


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