Fim da fila
Entre 63 países que foram objeto de levantamento econômico, o Brasil ocupa uma das últimas posições, praticamente se mantendo no mesmo patamar do ano anterior
Cingapura e Hong Kong, dois tigres asiáticos, lideram o ranking global de competitividade de 2019, publicado pela International Institute for Management Development (IMD), prestigiada escola de administração de Lausanne, na Suíça. Entre 63 países que foram objeto do levantamento, o Brasil ocupa uma das últimas posições, praticamente se mantendo no mesmo patamar do ano anterior (em 2018 foi classificado em 60º lugar; agora está em 59º).
O índice leva em conta 235 itens de cada uma das 63 economias pesquisadas, de maneira a determinar a capacidade do país de criar valor agregado no longo prazo, melhorar o ambiente de negócios e alcançar crescimento sustentável e prosperidade para a sociedade. Destaque-se que o Brasil chegou a figurar na 38ª colocação do ranking em 2010, e depois despencou, ficando agora nas últimas posições.
A produtividade é, acima de tudo, medida da eficiência econômica de uma nação e constitui elemento fundamental que define possibilidades e perspectivas de desenvolvimento no cenário global. Sem esse componente essencial, a produção do país acaba por ser restrita, cara e obsoleta, não conseguindo inserção no comércio internacional.
O Brasil destacou-se apenas em um item: investimentos internacionais, tendo sido capaz de atrair recursos estrangeiros diretos apesar dos graves problemas políticos e econômicos que atravessa. O País ficou em 12º lugar nesse quesito, mas teve desempenho muito ruim em outros, notadamente naqueles que dizem respeito à confiança em relação às finanças públicas nacionais.
São muito baixas as classificações brasileiras em finanças públicas, legislação comercial e estrutura societária (todas em 62º lugar, o penúltimo do ranking), da mesma forma que em estrutura institucional, produtividade e eficiência, e educação, nas quais o País fica na 61ª posição. São também destaques negativos a corrupção e suborno (58ª), desigualdade econômica (57ª) e emprego (56º).
O balanço é, portanto, muito negativo. Na América Latina, o Brasil fica atrás do Chile, México, Colômbia e Peru, e fica evidente que é fundamental a ação vigorosa em duas frentes: a das reformas microeconômicas, capazes de facilitar e ampliar as atividades das empresas, além de promover mudanças no crédito, já que a economia nacional é uma das mais caras para a obtenção de empréstimos (fica em 61ª nesse item); e atuando, de forma eficiente, na melhoria da formação e qualificação da mão de obra.
Como destacou Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, o Brasil precisa melhorar a eficiência do setor público, simplificar marcos regulatórios e o sistema tributário, e investir em educação de qualidade. São desafios gigantescos, sem os quais, porém, não haverá avanços na produtividade nacional.