Falta de vacinas
Governo federal deveria ter programação regular e contínua de abastecimento, e alternativas em caso de rejeição de lotes comprados no exterior
É grave e preocupante a informação que faltam vacinas nas unidades de saúde da Baixada Santista, e providências são exigidas. De acordo com o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, o município tinha ontem apenas 150 doses da vacina pentavalente, que previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite e infecções por HiB, e que deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses. Sem ela, os bebês ficam sem proteção, e essas doenças, transmitidas por fluidos como gotículas de saliva, representam ameaça, tendo em vista a baixa imunidade das crianças, podendo causar aumento significativo na taxa de mortalidade.
O caso de Santos não é isolado, havendo registro de problemas em São Vicente, Paria Grande e Guarujá, sendo que esta cidade informa que está sem as doses da pentavalente, BCG, DTP e tetraviral. O fornecimento tem sido irregular: na última remessa feita pelo Ministério da Saúde ao município de Santos foram repassadas apenas 400 doses, muito menos do que a quantidade mensalmente recebida, 2.000 doses.
Não há, segundo as autoridades locais, perspectivas de melhoria imediata da questão. O Ministério da Saúde informou que há previsão de normalizar a distribuição em setembro, e justificou que as dificuldades teriam origem em lotes recentes recebidos do laboratório Biologicals e Limited India, reprovados por órgãos de controle e fiscalização como o INCQS e Anvisa. A orientação, muito duvidosa e que merece reparos, é que, nos municípios com baixo estoque, os profissionais façam agendamento para aplicação das vacinas. Isso, na prática, é adiar o procedimento necessário e aumentar os riscos para crianças em todo o País.
As explicações não são convincentes. O governo federal deveria ter programação regular e contínua de abastecimento, e alternativas em caso de rejeição de lotes comprados no exterior. Além disso, é preciso buscar desenvolver a produção nacional deste tipo de vacina, que não existe no País.
Vacinas são garantia de saúde e de vida, especialmente para bebês e crianças. Infelizmente, nota-se que no Brasil não tem sido cumpridos os protocolos estabelecidos, e a cobertura preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não vendo sendo atingida em várias imunizações. Em um momento de dificuldades, com resistências a vacinar, muitas delas causadas por falsas notícias difundidas em redes sociais sobre problemas causados por imunizações, impõe-se o máximo cuidado em garantir a plena disponibilidade das doses em todas as unidades de saúde do País.
Especialistas alertam que doenças graves, erradicadas e ausentes da realidade nacional, podem retornar sem a correspondente vacinação. Daí a prioridade que o assunto deve receber das autoridades de saúde, de modo que o calendário nacional possa ser cumprido, sem riscos e ameaças graves à população.