Eleições na Índia
Resultados favoreceram o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, cujo partido, o BJP, conquistou 350 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento
Na maior nação democrática do mundo, Índia, 600 milhões de pessoas foram às urnas, em longo processo de votação, que levou 39 dias para ser concluído e atingir todas as regiões do país. Os resultados favoreceram o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, cujo partido, o BJP (Barathiya Janata Party, o partido do povo indiano), conquistou 350 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento, assegurando maioria absoluta, uma vez que há 542 deputados nela.
Não é fácil ou simples que um partido consiga, de modo isolado, maioria congressual nos regimes parlamentaristas. Vários exemplos recentes no mundo, como da Espanha, mostram que o partido vencedor das eleições é obrigado a realizar acordos e composições com outras siglas, difíceis e complicados, para conseguir governar.
Destaque-se que Modi venceu, com facilidade, a oposição. A Coalizão do Congresso Nacional Indiano (INC), liderada por Rahul Ghandi, bisneto de Jawaharlal Nehru, um dos responsáveis pela independência da Índia em 1947, e neto de Indira Ghandi, que governou o país por 14 anos, elegeu apenas 85 deputados. Modi repetiu – e até ampliou – a vitória obtida em 2014, e sai das urnas fortalecido para chefiar o governo em mais um mandato.
Narendra Modi combina discurso nacionalista com propostas de desenvolvimento. Carismático, ele atraiu na campanha multidões a seus comícios, nos quais afirmava que merecia ser reeleito, pois era o mais capacitado para proteger a Índia e elevar seu status global na economia e na política. Seu governo até aqui não é considerado por analistas internacionais como especialmente bem-sucedido, uma vez que a taxa de desemprego chegou a 6%, a maior em 45 anos, e vem caindo a renda dos indianos no campo, onde vivem quase 70% da população, assim como a produção industrial.
Houve, porém, preocupação com a questão social. O governo desenvolveu cerca de 900 projetos na área, entre os quais o Movimento Índia Limpa, que, ao construir milhões de banheiros em domicílios, beneficiou 550 milhões de pessoas, e há seis meses, lançou projeto de seguro saúde gratuito para os mais pobres.
Existem, agora, preocupações de que o novo governo dê mais atenção a temas nacionalistas – há muito defendidas por seu partido, o BJP. Isso inclui a proibição ao abate de vacas, sagradas para os hindus, o combate à imigração ilegal e o fim do tratamento especial dado à minoria muçulmana, que representa 14% da população. O temor é que a Índia, de sólida tradição democrática, se torne menos tolerante às minorias, com um governo fortemente centralizado na figura do primeiro-ministro.
A agenda econômica e social é certamente mais importante. A Índia tem crescido – é o país com maior avanço no mundo atualmente – e Modi deve concentrar-se em melhorar a gestão da economia e derrubar barreiras ao crescimento.