Eleições na Índia

Resultados favoreceram o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, cujo partido, o BJP, conquistou 350 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento

Por: Da Redação  -  27/05/19  -  22:15

Na maior nação democrática do mundo, Índia, 600 milhões de pessoas foram às urnas, em longo processo de votação, que levou 39 dias para ser concluído e atingir todas as regiões do país. Os resultados favoreceram o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, cujo partido, o BJP (Barathiya Janata Party, o partido do povo indiano), conquistou 350 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento, assegurando maioria absoluta, uma vez que há 542 deputados nela.


Não é fácil ou simples que um partido consiga, de modo isolado, maioria congressual nos regimes parlamentaristas. Vários exemplos recentes no mundo, como da Espanha, mostram que o partido vencedor das eleições é obrigado a realizar acordos e composições com outras siglas, difíceis e complicados, para conseguir governar.


Destaque-se que Modi venceu, com facilidade, a oposição. A Coalizão do Congresso Nacional Indiano (INC), liderada por Rahul Ghandi, bisneto de Jawaharlal Nehru, um dos responsáveis pela independência da Índia em 1947, e neto de Indira Ghandi, que governou o país por 14 anos, elegeu apenas 85 deputados. Modi repetiu – e até ampliou – a vitória obtida em 2014, e sai das urnas fortalecido para chefiar o governo em mais um mandato.


Narendra Modi combina discurso nacionalista com propostas de desenvolvimento. Carismático, ele atraiu na campanha multidões a seus comícios, nos quais afirmava que merecia ser reeleito, pois era o mais capacitado para proteger a Índia e elevar seu status global na economia e na política. Seu governo até aqui não é considerado por analistas internacionais como especialmente bem-sucedido, uma vez que a taxa de desemprego chegou a 6%, a maior em 45 anos, e vem caindo a renda dos indianos no campo, onde vivem quase 70% da população, assim como a produção industrial.


Houve, porém, preocupação com a questão social. O governo desenvolveu cerca de 900 projetos na área, entre os quais o Movimento Índia Limpa, que, ao construir milhões de banheiros em domicílios, beneficiou 550 milhões de pessoas, e há seis meses, lançou projeto de seguro saúde gratuito para os mais pobres.


Existem, agora, preocupações de que o novo governo dê mais atenção a temas nacionalistas – há muito defendidas por seu partido, o BJP. Isso inclui a proibição ao abate de vacas, sagradas para os hindus, o combate à imigração ilegal e o fim do tratamento especial dado à minoria muçulmana, que representa 14% da população. O temor é que a Índia, de sólida tradição democrática, se torne menos tolerante às minorias, com um governo fortemente centralizado na figura do primeiro-ministro.


A agenda econômica e social é certamente mais importante. A Índia tem crescido – é o país com maior avanço no mundo atualmente – e Modi deve concentrar-se em melhorar a gestão da economia e derrubar barreiras ao crescimento.


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