Eleição municipal em discussão

Não há dúvida que o equilíbrio do sistema, alicerçado nos partidos tradicionais, se rompeu; mas não está claro que formato ele assumirá nos próximos anos

Por: Da Redação  -  06/08/19  -  19:02

Ainda faltam 14 meses para as eleições municipais que acontecerão em outubro de 2020 em todo o país, mas já começaram as articulações em torno de possíveis candidaturas aos cargos. No caso do Executivo, a maioria dos prefeitos que podem concorrer à reeleição disputarão os pleitos, mas não há certeza de sucesso, com muita indefinição sobre o comportamento dos eleitores.


As eleições gerais de 2018 mostram ruptura com padrões anteriores: a renovação foi grande no Legislativo e nomes desconhecidos, ligados a pequenos partidos, venceram a disputa para governos estaduais, como foi o caso de Wilson Witzel, no Rio de Janeiro, e Romeu Zema, em Minas Gerais. Prevaleceu o sentimento de mudança: rejeitando a política tradicional, os eleitores não hesitaram em buscar alternativas, provocando reviravolta no cenário anterior.


A grande pergunta que se faz é se isso se repetirá - e até se será ampliado - em 2020. Não há dúvida que o equilíbrio do sistema, alicerçado nos partidos tradicionais, se rompeu. Mas não está claro que formato ele assumirá nos próximos anos. Em 2018 havia o cansaço e a frustração com o modelo vigente, e forte crítica à corrupção, associada de modo inevitável aos políticos que exerciam mandatos.


Esse sentimento não desapareceu, mas a população, de maneira geral, está mais atenta e exigente em relação à agenda econômica - afinal, o país mergulhou em crise profunda desde 2014 e não conseguiu sair dela até agora - e aos enormes problemas sociais. O eleitor sabe, também, que prefeitos e vereadores não têm o poder de definir a política econômica nacional, e espera deles atitudes concretas no dia a dia das cidades, onde todos vivem: melhor infraestrutura local, serviços de saúde e educação eficientes, maiores garantias, enfim, de qualidade de vida a todos.


É legítimo e necessário ao saudável ambiente democrático que candidatos se lancem às disputas. Elas não devem, porém, se limitar a confrontos entre lideranças, não importa se antigas ou novas. Não basta, ainda, a crítica: é preciso oferecer, de fato, propostas para o futuro imediato. Mas é verdade que o discurso populista, com soluções tão mirabolantes quanto falsas e impossíveis, tem espaço junto a vários setores, principalmente aqueles que têm sofrido muito nos últimos tempos.


Nos próximos meses haverá intensa movimentação em torno das possibilidades dos vários postulantes. Espera-se que isso seja acompanhado pelo cuidado em construir e apresentar aos eleitores um conjunto estruturado de conceitos, ideias e propostas que possam se tornar realidade a partir de 2021. Na Baixada Santista, o tema central que deve prevalecer é, sem dúvida, o desenvolvimento econômico, que deve estar acompanhado de preocupações sociais e de inclusão, de modo a resgatar e garantir o futuro da região.


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