Por mais ações afirmativas

Os casos que ganham o noticiário estão refletidos nas estatísticas oficiais sobre estupro e feminicídio

Por: Redação  -  04/07/22  -  06:27
  Foto: Divulgação: Polícia Civil

Presidente de importante instituição financeira acusado de assédio sexual, menina estuprada aos 11 anos e instada pela Justiça a manter a gravidez, procuradora espancada por um colega homem no ambiente de trabalho, atriz de 21 anos estuprada e vazado o sigilo de sua intenção de entregar o bebê para adoção, além de sofrer violência psicológica do médico, que afirmava ser ela obrigada a amar o bebê. As últimas semanas foram especialmente difíceis para as mulheres, por questões tão antigas e rudimentares que, em pleno século 21, já não deveriam mais ocorrer. Os fatos só servem para pontuar que ações afirmativas, campanhas de esclarecimento e abordagens na imprensa sobre temas relacionados à condição feminina jamais devem sair da ordem do dia.


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O caso mais recente diz respeito ao presidente e vice da Caixa Econômica, respectivamente, Pedro Guimarães e Celso Leonardo Barbosa, acusados de assédio sexual contra funcionárias da instituição, não só no dia a dia do banco como também em viagens e eventos. As denúncias estão sendo investigadas pelos ministérios Público Federal, do Trabalho e agora também pelo Tribunal de Contas da União. Essa é a típica situação que, imaginava-se, fazia parte de um passado corporativo, em que a simples subordinação de funcionárias a chefes homens dava a eles a condição de subjugar e assediar, muitas vezes, com ameaças de demissão e penalidades.


Os casos da menina de Santa Catarina e da atriz Klara Castanho dispensam maiores reflexões. São a prova de que o bom senso, a ética, a razoabilidade e o respeito à dor alheia passam longe até mesmo de quem detém conhecimento e formação, no caso médico, enfermeira e juíza. Casos assim são exemplos reais refletidos nas estatísticas. Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, mostram a dura realidade dos números. Entre janeiro e maio deste ano, por exemplo, o total de estupros (incluindo o de vulneráveis) na Baixada Santista e Vale do Ribeira atinge 278 casos, um aumento de quase 10% em relação a igual período do ano passado (254). Só em Santos, já são 30 casos de estupro, dez a mais em relação aos cinco primeiros meses de 2021.


Se esse aumento é fruto de maior conscientização por parte das vítimas, ótimo, mas o fato é que campanhas de esclarecimento, ações afirmativas e a manutenção de temas relacionados à segurança e condição feminina jamais podem sair do foco. Não se trata de levantar bandeiras gratuitas de feminismo ou superioridade feminina, como sustentam algumas correntes, mas de dar às mulheres condição segura de existência, direito de ir e vir com a certeza de que casos de assédio e violência serão punidos exemplarmente, direitos iguais no universo corporativo e, acima de tudo, respeito. Já basta à sociedade precisar lidar com a violência cotidiana que não sai do noticiário. A violência e o desrespeito de gênero já deveriam ter sido banidos há tempos.


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