Editorial: Oferta da CoronaVac tem baixa disponibilidade

O Brasil deve manter sua autonomia com vacinas, sem depender dos países produtores, frente a novas crises sanitárias

Por: Redação  -  20/07/22  -  06:10
A CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, tem baixa disponibilidade no País
A CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, tem baixa disponibilidade no País   Foto: Divulgação/Prefeitura de Itanhaém

O Ministério da Saúde recomendou na última sexta-feira (15) a imunização contra a covid-19 com a CoronaVac da faixa dos 3 aos 5 anos, mas autoridades indicaram baixa disponibilidade do imunizante em pontos do País. A decisão da pasta federal é uma consequência da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 13, para que esse grupo etário seja vacinado com o imunizante do Instituto Butantan.


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Desde então, alguns municípios e governos estaduais alertaram possuir pouca oferta ou que foram orientadas pela União para usar seus estoques até novas informações, o que foi confirmado ontem via nota técnica – os estoques devem ser usados primeiro para imunocomprometidos e depois para crianças de 3 e 4 anos. As de 5 serão atendidas com Pfizer, que já foi aprovada para a faixa dessa idade até 11 anos. O ministério afirmou a A Tribuna que negocia a aquisição de mais vacinas. Essa resposta foi reforçada pela nota técnica, com a pasta afirmando que segue em “tratativas com o Butantan”.


A permissão dada pela Anvisa, para que esse público seja atendido com a CoronaVac, se baseia em pesquisas como as da Fiocruz Minas e da Universidade do Espírito Santo, que apontam que a vacina de tecnologia chinesa induz a produção de anticorpos de forma mais satisfatória em crianças do que em adolescentes, adultos e idosos. Em relação a reações adversas, um estudo clínico na África do Sul com 4 mil crianças de diferentes idades não registrou reações graves.


Além disso, a imunização de 27 pessoas entre 7 meses e 5 anos em Diadema e Itirapina (SP), acompanhada por pediatras, apontou sintomas leves em apenas uma das crianças. Hoje, o imunizante é destinado ao público infantil do Chile, Colômbia e Tailândia.


Na Baixada Santista, conforme A Tribuna apurou, as prefeituras aguardam o ministério anunciar a inclusão da CoronaVac no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e também que o Governo do Estado anuncie como será a distribuição das doses.


No mês passado, a imprensa publicou que o Butantan deixaria de produzir a CoronaVac porque o Governo Federal parou de fazer encomendas de doses em outubro (o último lote foi entregue em fevereiro, segundo a Veja), concentrando-se na oferta dos imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca, lembrando que o PNI centraliza a aquisição e oferta de vacinas. Aliás, a Fiocruz, órgão federal, produz imunizantes da AstraZeneca por conta própria.


É esperado que a produção do Butantan avance com essa decisão da Anvisa e do próprio ministério. Contudo, o Brasil precisa manter sua autonomia na oferta de vacinas, sem depender dos poucos países produtores, frente a eventuais crises sanitárias. Não há notícias de problemas dos fabricantes internacionais de imunizantes contra a covid. Pelo contrário, haveria até sobra, indicando acomodação dos países, o que é ruim para bloquear a disseminação da doença.


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