Dois polos culturais
O prédio da bolsa simboliza a revitalização da região da Rua XV, porque ganhou função cultural e de entretenimento
As melhorias no Museu do Café, no edifício da antiga bolsa, e uma nova utilidade para a Cadeia Velha de Santos, na Praça dos Andradas, renovam dois polos de atração cultural e turística santista e também dão mais estímulo ao Centro Histórico. Na terça-feira, o secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, visitou os dois espaços. Segundo ele, o museu receberá um total de R$ 5 milhões em investimentos – já foram gastos R$ 2,9 milhões em pintura e limpeza, principalmente na fachada, com recursos destinados pela própria pasta e pelo Ministério Público Estadual. Para o próximo ano, há planos de instalar um restaurante no último andar e implantar nova iluminação externa.
No caso da Cadeia Velha, o processo é de retomada de sua função cultural, com abertura ao público. O prédio de meados do século 19 tem sido utilizado apenas como sede das reuniões da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem). Conforme os planos de Sá Leitão, o imóvel vai abrigar uma Fábrica Cultural 4.0 já no próximo ano, com cursos para jovens da faixa dos 10 aos 24 anos. O programa tem 12 unidades espalhadas pelo Estado e a ideia é oferecer em Santos atividades relacionadas à tecnologia, como robótica e desenvolvimento de games, e cultura, como dança, cinema e circo, além de ateliê de moda.
Apesar do pouco valor dado à cultura e ao patrimônio histórico no País, o museu e a Cadeia Velha têm condições de aumentar a frequência de turistas no Centro Histórico, que luta contra a deterioração e o abandono. O prédio da bolsa simboliza a revitalização da região da Rua XV, que saiu do papel, principalmente porque ganhou uma função cultural e de entretenimento desenvolvida ao longo das últimas décadas. A imponência do edifício é uma referência para todo o entorno, mas o poder público e o próprio empresariado têm um papel importante na retomada e com os efeitos positivos com o avanço da vacinação. Eventos, bares e restaurantes em espaços revitalizados e com muita segurança pública poderão gerar muitos empregos, considerando que vários setores da economia ainda vão demorar a recuperar suas plenas capacidades de criação de postos de trabalho. O prefeito Rogério Santos (PSDB) afirmou também que pretende investir na Rua XV, aproveitando o centenário da antiga bolsa, que será comemorado no próximo ano.
O Estado e o Município também precisam ampliar o uso da Cadeia Velha, cuja preciosidade histórica pode ser aproveitada ainda mais nas áreas cultural e artística. Adotar uma nova ou mais finalidades para um prédio tombado é uma forma prática de manter sua renovação constante, assim como a frequência ao Centro Histórico, combatendo seu esvaziamento à noite e nos fins de semana. O setor público enfrenta sérios problemas de caixa, mas a sociedade pode fazer sua parte, apoiando eventos e a própria cultura da região.
