Doação de órgãos

Transplantes tendem a aumentar cada vez mais, uma vez que a medicina evolui para realizá-los com segurança e eficiência

Por: Da Redação  -  27/11/19  -  17:55

A trágica e lamentável morte do apresentador Gugu Liberato, vítima de acidente doméstico em sua residência na Flórida, Estados Unidos, chamou a atenção para a importância de aumentar a doação de órgãos humanos para transplantes. Sua louvável atitude de determinar, em vida, que todos os seus órgãos fossem doados após sua morte foi cumprida pela família e assim estima-se que o ato pode vir a beneficiar até 50 pessoas receptoras. 


No Brasil, a taxa de doações ainda é baixa. Segundo dados do Registro Internacional de Transplantes e Doações de Órgãos, em 2017 o índice nacional foi de 16,6 doadores efetivos para um milhão de pessoas, em 23º lugar no ranking de transplantes. Os Estados Unidos, que ficaram em 5º lugar (atrás de Espanha, Portugal, Bélgica e Croácia), registraram a taxa de 32 doadores para um milhão de pessoas, o dobro do índice brasileiro. 


Há muitas dificuldades para que a situação melhore. Faltam, em primeiro lugar, informação e conscientização da população sobre a importância e necessidade da doação de órgãos (que podem salvar milhares de vidas), mas há questões objetivas e estruturais. Apesar de existir pelo menos um centro de transplantes em cada estado brasileiro, faltam equipes preparadas para preservar corpos e órgãos, bem como para realizar procedimentos complexos exigidos nos vários casos.  


Notam-se ainda grandes discrepâncias entre as diferentes unidades da federação: enquanto não houve, em 2017, doadores registrados no Amapá, Roraima e Tocantins, Santa Catarina teve a mais alta taxa do País (40,8 doadores efetivos para um milhão de pessoas), seguida pelo Paraná (38) e Rio Grande do Sul (26,6). 


Faltam investimentos no setor. No Brasil, praticamente tudo - da captação do órgão ao transplante propriamente dito - é feito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), com pouca participação do setor privado. Além disso, há problemas legais. Não basta que uma pessoa manifeste, em vida, o desejo de doar seus órgãos, ainda que o faça de modo formal.  


Cabe à família autorizar a doação, e em muitos casos, dado o choque causado pelo falecimento, isso acaba por não se concretizar. Melhor seria respeitar a vontade individual, previamente manifestada e registrada, evitando-se assim a perda de tempo precioso nas tratativas para a autorização dos procedimentos.  


É fundamental, portanto, avançar em relação ao assunto no Brasil. Os transplantes tendem a aumentar cada vez mais, uma vez que a medicina evolui para realizá-los com segurança e eficiência, e isso representa um tema de saúde pública, que assim deve ser tratado pelas autoridades, médicos e sociedade. De um lado, é preciso divulgação e consciência maior; de outro, mais investimentos e organização para que as doações aconteçam, permitindo a realização dos transplantes no País.  


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