Direto ao ponto na COP-26

As crianças desta década poderão usufruir de um planeta tórrido, seco e bombardeado de fenômenos climáticos extremos

Por: Redação  -  17/10/21  -  06:35
 O Brasil deve buscar metas ambiciosas da redução dos gases estufa pelo bem dos próprios brasileiros
O Brasil deve buscar metas ambiciosas da redução dos gases estufa pelo bem dos próprios brasileiros   Foto: Agência Brasil

Ciclos insuficientes de chuva nas bacias do Sudeste-Sul, onde vivem 120 milhões de habitantes ou 56% do total do País, um agronegócio responsável por 44% das exportações brasileiras e um meio ambiente riquíssimo que está sendo devastado são condições suficientes para o governo levar a sério a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-26). O encontro começa no próximo dia 31, na Escócia, e será o mais importante de todos os tempos, considerando os efeitos adversos que já são notados no mundo todo, como seca, tempestades torrenciais e extremos de frio e calor. A tendência é que o governo participe na defensiva, com os motes da soberania da Amazônia e da competição comercial que usaria a questão ambiental para atacar o potencial agropecuário nacional. Entretanto, representantes sérios do campo, do setor financeiro, da ciência e da sociedade civil formaram uma coalizão que pressiona o Executivo federal para ir direto ao ponto que a COP-26, na Escócia, almeja – reduzir a emissão de gases para impedir o aumento da temperatura nas próximas décadas.


As autoridades ambientais precisam assumir o protagonismo das discussões por parte do Brasil no encontro. Como a COP-26 é um evento político e vai atrair movimentos de todas as vertentes, é óbvio que o País será ferozmente pressionado e o Governo Federal deverá defender os interesses comerciais da nação. Mas o Brasil deve buscar metas ambiciosas da redução dos gases estufa pelo bem dos próprios brasileiros.


O atual compromisso do Brasil é reduzir até 2030 as emissões em 43% sobre os dados de 2005. No entanto, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU diz que os países precisam mirar 50% se quiseram manter em 1,5°C o limite de aumento da temperatura média mundial, como firmado no Acordo de Paris.


Aos que veem as questões ambientais com desdém, basta lembrar que as crianças que nasceram neste começo de década, devido aos avanços da ciência, poderão viver mais de cem anos, portanto, por volta de 2121. Com grandes possibilidades, elas usufruirão de um planeta tórrido, seco e bombardeado de fenômenos climáticos extremos. “Vamos entregar um planeta instável para nossos filhos”, alerta o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), André Guimarães, que integra a coalizão que conversa com o Governo Federal. Segundo o ambientalista, a tendência atual é de aumento da temperatura global de 2,5°C a 3°C neste século – uma tragédia caso isso realmente ocorra.


A responsabilidade do Brasil é imensa. O desflorestamento da Amazônia é 90% ilegal, segundo Guimarães, e a área desmatada dobrou de um ano para outro (de 2016 para 2017 e de 2018 para 2019), conforme o Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A reversão da destruição dos biomas não é para agradar o mundo. É uma condição de sobrevivência no próprio Brasil.


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