Dinheiro externo

O bom desempenho da economia americana, sem alta dos juros e do petróleo, beneficiando o fluxo de recursos para emergentes, favorece o Brasil

Por: Da Redação  -  22/07/19  -  12:16

Componente importantíssimo do crescimento da economia, o investidor estrangeiro aos poucos retorna ao Brasil. Os ruídos da guerra política e do impeachment e a recessão de 2015 e 2016, além da deterioração das contas públicas, espantaram o capital internacional. O bom desempenho da economia americana, sem alta dos juros e do petróleo, beneficiando o fluxo de recursos para emergentes, favorece o Brasil. Porém, a política econômica liberal do Governo Bolsonaro exerce um papel importante na percepção de que há um esforço para o ajuste fiscal. O interesse maior é pela reforma da Previdência. Entretanto, o investimento externo se mostra muito desconfiado. Ele busca valorização de suas aplicações, o que não será garantido pela taxa Selic, que está em seu menor nível e entrará neste semestre em um período de novas quedas. A remuneração, portanto, precisa vir do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com impacto na valorização das ações das empresas e dos fundos financeiros. 


Do capital externo, parte vem para o investimento direto na produção das empresas, como as multinacionais, e no mercado financeiro. Neste último, reclama-se muito dos especuladores, mas se há estabilidade e indicadores que estimulam a produção (juros e inflação baixos), os investimentos financeiros tendem a ficar mais tempo no País. O que os gestores dos grandes fundos alertam é que a reforma da Previdência não é a única condição para que o mercado internacional retorne ao Brasil. O desemprego é o problema mais sério do momento e, enquanto continuar o temor de perder colocação no mercado de trabalho, não haverá confiança para consumir e investir. 


Os fundos de investimentos movimentam centenas de bilhões de dólares pelo mundo e uma parte fica alocada nos emergentes, onde o índice de crescimento tende a ser mais elevado. Segundo gestores brasileiros no mercado externo, a participação de investimentos no Brasil dentro do bolo total desses fundos especializados nos emergentes é de pelo menos a metade do que costumava ser antes das crises desta década. Considerando-se economias do mundo todo, o Brasil fica com apenas um terço do percentual que historicamente tinha. Por isso, haverá uma margem para crescer durante muitos e muitos anos em caso de melhora da imagem do Brasil (contas públicas e emprego em recuperação).


O risco Brasil, que indica maior risco de calote, caiu a seu menor nível em cinco anos, com 128 pontos, aproximando-se do México (com 115) e deixando a Argentina para trás (900). Mas o País perde feio para Chile (36) e Colômbia (84). Chegou a hora do governo atuar direto no estímulo ao crescimento. A liberação de recursos do FGTS é apenas uma ferramenta. Não adianta estimular o crédito se ainda há tanto endividamento e medo de perder o desemprego. O Planalto precisa inspirar confiança na população e deve trabalhar mais duro para esse fim.


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