Covid-zero e as vacinas

Como estavam com a disseminação do vírus sob controle ou quase anulada, não viram motivos para acelerar a imunização

Por: Da Redação  -  09/09/21  -  06:39
 Covid-zero e as vacinas
Covid-zero e as vacinas   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Desde que os primeiros casos de covid-19 começaram a aparecer na China no fim de 2019, a ordem da disseminação foi Ásia-Oceania, Europa-Estados Unidos e, em seguida, Brasil, entre outras regiões do globo. A vantagem para os brasileiros, nessa sequência, é poder observar as experiências dos outros países, por mais que o governo tenha sido displicente. Neste momento, há uma importante discussão científica sobre a melhor forma de adotar uma dose de reforço e de melhorar a proteção dos mais idosos. Com o Palácio do Planalto envolto com a crise com os demais poderes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem maior tranquilidade para lidar com as questões científicas da doença, ainda que rixas pré-eleitorais com os estados persistam.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


O jornal inglês Financial Times fez uma profunda comparação entre as estratégias mundiais contra a doença, com os europeus evitando a covid-zero (expressão usada pela publicação para fechamento da economia para aniquilar o vírus), numa espécie de rendição à astúcia do coronavírus. Por outro lado, esse convívio com a doença se revela perigoso – o agente pode se mutar e se disseminar. Basta observar Brasil e Estados Unidos. Enquanto o Brasil cometeu a falha de postergar a vacinação e também afrouxar as medidas sanitárias com o coronavírus em larga circulação, os americanos investiram pesadamente na imunização, que agora patina. Em alguns estados, a cobertura vacinal está na casa dos 70% e, em outros, 30%, próximo do Brasil. Na terça-feira, os EUA registraram 1.497 mortes, bem acima das 250-350 dos últimos dias de julho.


No caso da Ásia-Oceania, a persistência, por enquanto, é pela covid-zero. O que impressiona é que a variante Delta, ultraeficiente na transmissão, mostrou que países até então exemplares no combate à doença, como Vietnã, Austrália e Nova Zelândia, falharam ao não acelerar a vacinação. Como estavam com a disseminação do novo coronavírus sob controle ou quase anulada, não viram motivos para adiantar a imunização. Na Nova Zelândia, a cobertura total é de apenas 25%. A entrada da Delta faz com que esses governos fechem suas economias novamente, ainda que por cidades ou regiões.


Israel e Cingapura estão com cobertura vacinal completa de 70% a 80% de seus habitantes, em situação mais segura, ainda que no caso israelense as mortes, zeradas em junho, agora voltaram para a faixa dos 20 a 50 registros diários. Há analistas afirmando que os bons exemplos do momento são Reino Unido e Espanha, pois teriam equilibrado vacinação e reabertura.


O Brasil ainda está com a imunização em andamento, mas com as restrições sanitárias praticamente no fim. Há tempo para os governantes brasileiros estudarem os fracassos e acertos de fora, mas se duvida que o façam com profundidade. Isso é da maior importância, porque, ressalta o Financial Times, o provável é que todos terão que conviver com o vírus por muito tempo.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver todos os colunistas
Logo A Tribuna