Consciência coletiva

A pandemia ainda não é página virada. Abreviar sua história dependerá do conjunto da sociedade, hoje mais do que nunca

Por: Da Redação  -  07/06/20  -  11:49

Algumas prefeituras da região anunciam para o início desta semana a retomada gradual das atividades comerciais. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, garantiu a empresários, na sexta-feira, que comércios de rua, hoteis, concessionárias de veículos, imobiliárias, escritórios contábeis e de Direito, entre outros, já podem reabrir suas portas na quinta-feira. São Vicente já adotou o sinal verde para o comércio de rua na última quarta-feira, e promete para amanhã a inclusão de shoppings e outras atividades no rol de serviços permitidos. 


Compreensível e legítima a preocupação de empresários, comerciantes e entidades que representam os diversos setores do universo produtivo em retomar a atividade econômica depois de quase três meses sem receitas significativas e com despesas correntes que pouco ou nada diminuíram.


Conforme reportagem publicada neste jornal no último dia 29, a Baixada Santista já perdeu quase 10 mil empregos formais apenas nos meses de março e abril, reflexo direto do esfriamento da atividade econômica produzido pela pandemia do coronavírus. Um quadro dramático cuja reversão levará meses. 


O outro lado desse cenário atende pelo nome de Covid-19, um dos maiores desafios sanitários do último século, com impactos devastadores na vida do cidadão brasileiro, e que já provocou, no Brasil, mais de 35 mil mortes. Não há vacina ou protocolos seguros para a cura, e a experiência que os outros países viveram indica que o distanciamento social parece ser, por ora, a forma mais adequada de reduzir o índice de contaminação e, por consequência, o número de internações e mortes. 


A Baixada Santista fez muitas lições de casa, como abrir hospitais de campanha em alguns municípios, desestimular a vinda de turistas nos feriados, recorrer ao Estado e à União em busca de verbas para equipar leitos do Sistema Único de Saúde. No entanto, a fotografia do momento está longe de ser a mais confortável. Em Santos, por exemplo, chega a 77% a taxa de ocupação de leitos UTI adulto, incluindo rede pública e particular. Em alguns hospitais particulares já não há mais vagas em UTI.


Infectologistas veem um conjunto de argumentos para defender que a reabertura é prematura, mas o plano está posto e seguirá seu curso. 


Viabilizá-lo de forma adequada, seguindo prazos e etapas já divulgados, dependerá não só da manutenção dos planos de ampliação da rede de saúde, mas, fundamentalmente, da consciência coletiva. Nos municípios em que já houve o relaxamento da quarentena, como São Vicente, o que se viu foi bem ao contrário, com verdadeiras multidões nos centros comerciais, muitos sem máscaras ou o devido distanciamento. 


A pandemia ainda não é página virada, faz vítimas, mutila famílias. Abreviar sua história dependerá do conjunto da sociedade, hoje mais do que nunca.


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