Cisne verde

Inspirado no livro 'O Cisne Negro', suíço Bank of International Settlements publicou livro com o título 'O Cisne Verde', um estudo sobre a crise financeira mundial desencadeada pelas mudanças climáticas

Por: Da Redação  -  22/02/20  -  22:05

O ensaísta e pesquisador Nassim Taleb publicou em 2007 livro que se tornou referência para a filosofia, economia e política. Ele usou a história - acreditava-se que só existiam cisnes brancos no mundo até 1697, quando foram identificados espécimes negros na Austrália - e deu esse título à sua obra: O Cisne Negro.


A ideia central é a associação dos cisnes negros com acontecimentos improváveis que, após terem ocorrido, todos procuram fazer com que pareçam mais previsíveis do que realmente eram antes. Ele busca explicar como as pessoas devem lidar com eventos inesperados em um mundo imprevisível, com a consciência e aceitando que, um dia, terão que lidar com esses acontecimentos que têm muitas vezes impactos negativos e até catastróficos.


Utilizando esse conceito, o Bank of International Settlements (BIS), sediado na Suíça, e conhecido como o "banco dos bancos centrais", publicou livro com o sugestivo título de "O Cisne Verde", que é um estudo de vários pesquisadores (Patrick Bolton, Morgan Despres, Fréderic Samama, Romain Svartzma e um brasileiro, Luiz Awazu Pereira da Silva). A partir do cisne negro, os autores desenvolvem a ideia do cisne verde para se referir à perspectiva de crise financeira mundial desencadeada pelas mudanças climáticas.


De fato, há poucas décadas, a preocupação com questões ambientais era praticamente inexistente em todo o mundo, e ninguém poderia prever o impacto das alterações provocadas pelas emissões de gases de efeito estufa na temperatura média do planeta. Isso, entretanto, mudou: hoje, de maneira praticamente unânime, cientistas reconhecem o fenômeno, e suas consequências trazem grandes preocupações.


Eventos climáticos extremos têm se multiplicado, e os prejuízos financeiros são crescentes. Há destruição de florestas, inundações em cidades, atingindo residências e fábricas, com interrupções na produção e perda de matérias primas, causando aumentos repentinos de preços, e afetando pessoas, empresas, países e instituições financeiras.


Os riscos são de efeito cascata na economia, chegando a todos os setores, mesmo aqueles que eventualmente podem não ser afetados, de modo direto, pela mudança climática, podendo gerar crise financeira mundial. E a esse cenário são acrescentadas outras ameaças, denominadas de "transição": exemplo disso seria quando ocorre alteração abrupta em regulamentos, como proibição de extração de combustíveis fósseis, ou quando mudanças repentinas do mercado levem os proprietários de ativos a decidir se livrar deles.


É preciso, portanto, reconhecer a chegada do cisne verde e agir, de forma preventiva, para que se possa antecipar e prevenir suas consequências. Esse é o alerta não de ambientalistas extremados, e sim de bancos centrais e reguladores do sistema financeiro internacional. 


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