Centro no centro da retomada da região histórica
Agendas culturais têm atraído público à região. Agora, falta o passo mais largo: recuperar seu aspecto urbanístico
O movimento de retomada do Centro de Santos tem dado pistas de quais caminhos seguir, quais agendas programar, quais atividades têm aderência de público e, mais que isso, quais serviços e produtos disponíveis na região central podem se beneficiar diretamente dessas atividades. A semana começa com uma notícia positiva para quem acredita nesse movimento.
Dados preliminares apurados pela Prefeitura de Santos, e divulgados no domingo (24) à noite a A Tribuna, indicam que ao menos 60 mil pessoas foram atraídas ao Centro com a programação cultural desenvolvida em paralelo à 14º Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco, evento que começou na segunda-feira (18) e terminou na sexta (22), com conferências, palestras e trocas de experiências entre as dez cidades criativas brasileiras.
Era empírica a percepção de que a cidade de Santos permaneceu movimentada de turistas durante toda a semana, movimento favorecido pelas férias escolares e pelo clima ameno e sem chuvas que acompanhou todos os dias. É possível intuir que parte desse fluxo teve como atrativo turístico a Expo Cidades Criativas e as próprias palestras que se desenvolveram no centro de convenções da Ponta da Praia.
O planejamento bem estruturado e a disponibilidade de informações úteis a esse público fizeram com que a agenda cultural programada para o Centro de Santos, a partir de quinta-feira e até domingo, se desenvolvesse com um fluxo acima da média. Não foram reportados casos relevantes de violência, roubos ou brigas, o que confere saldo ainda mais positivo.
Com exceção dos dois anos de pandemia mais intensa (2020 e 2021), o caminho de organizar eventos culturais na região central vinha dando bons resultados até 2019: festival do café, Santos Jazz Festival e até as festividades da comunidade portuguesa e as apresentações audiovisuais que ocorreram nas festas de final de ano. A flexibilização das regras sanitárias vem permitindo a retomada dessas agendas e a notícia boa é que tem adesão plena por parte do público.
Essas ocasiões criam oportunidades para que os santistas e turistas se reencontrem com as belezas escondidas da região central, com toda sua riqueza histórica, seus restaurantes diversos, suas vielas bucólicas, seu patrimônio cultural e arquitetônico. Então, se existem oportunidades e se essas oportunidades têm engajamento, condições básicas para que esse público saia bem impressionado não podem faltar: limpeza de praças e vias, segurança, boa iluminação. Também é preciso boa comunicação para que esse visitante se localize nos espaços, saiba onde ir e o que encontrar.
O passo mais largo será também o mais custoso e desafiador: recuperar seus imóveis antigos, grande parte deteriorada e de mau aspecto - aí incluídos endereços públicos e privados. Mas se a dúvida era a validade de investir versus o interesse do público, agendas como as da semana passada provam que esse é um argumento vencido.