Brasil e a revolução digital
85% dos executivos brasileiros entrevistados em pesquisa afirmaram que já está em curso transformação digital em suas companhias
Atualizado em 10/11/19 - 12:16
A revolução digital não é mais novidade para ninguém. A incorporação da tecnologia ao cotidiano das pessoas – das redes sociais à TV, passando por bancos e sistemas de pagamento - é fato inequívoco, transformando relações sociais e atividades profissionais. Nas empresas, costuma-se afirmar que “ser digital” não é apenas utilizar, de modo intensivo, os recursos tecnológicos disponíveis, e sim promover autêntica mudança de cultura e atitude. E, à medida que as organizações se tornam mais digitais, elas evoluem e assumem novas rotinas, mais dinâmicas e eficientes.
O Brasil, entretanto, está mais atrasado na transformação digital do que outros países da América Latina. No México, na Colômbia e na Argentina, o tema está na pauta de executivos há pelo menos seis anos, enquanto aqui a discussão é mais recente, e teria entrado na lista de prioridades apenas nos últimos três anos.
Mas recente pesquisa realizada por várias consultorias especializadas com 600 executivos da região mostrou que o panorama está mudando no País. O levantamento foi feito com representantes do alto escalão latino-americano, sendo 17% CEOs e 51% diretores, a maioria de multinacionais que operam nos mercados de consumo, farmacêutico, serviços, financeiro, indústria e tecnologia.
85% dos executivos brasileiros entrevistados afirmaram que já está em curso transformação digital em suas companhias.
A pesquisa revelou ainda as dificuldades para o avanço no Brasil: 44% disseram que falta um plano de negócios estruturado e uma estratégia definida; 38% apontaram a questão cultural como o maior empecilho; enquanto dois aspectos tiveram 31% das respostas: a reclamação que falta agilidade organizacional e a falta de apoio do CEO e dos acionistas.
O estudo mostrou ainda que as áreas que têm recebido menores investimentos são as de recursos humanos e cadeia logística, e metade dos entrevistados afirmou que a maioria dos recursos para o setor tem sido destinada para a área de tecnologia da informação. É um equívoco, porém, priorizar tal área, correndo-se o risco de criar um núcleo isolado que domina esse conhecimento, sem que o conjunto da empresa possa absorvê-lo de modo suficiente.
Embora haja consciência da importância de contratar novos talentos com perfil digital (88% dos executivos brasileiros concordam com a ideia), faltam ainda investimentos para treinar e capacitar os atuais funcionários. E o desafio da digitalização corporativa precisa ainda alterar padrões tradicionais de trabalho, uma vez que o mercado da área exige cada vez mais jornadas flexíveis, além de assegurar o efetivo desenvolvimento dos profissionais contratados. 56% dos executivos brasileiros concordam com isso, e afirmam que a estratégia a ser adotada pelas empresas é introduzir novas tecnologias e métodos de trabalho.