Bancos x fintechs

No Brasil, o setor dos bancos foi se concentrando ao longo das últimas décadas a ponto de três instituições privadas e as duas estatais dominarem por volta de 80% do mercado

Por: Da Redação  -  31/07/19  -  19:31

Beneficiadas pela estrutura enxuta, amplo domínio das ferramentas tecnológicas e a capacidade de aproveitar nichos que os grandes bancos não podem ou não querem explorar, as fintechs mostram que são cada vez mais disruptivas. A disrupção é um jargão do mundo das startups (negócios de rápido crescimento) que é a vocação para quebrar paradigmas – verdades antes consideradas sagradas em cada ramo.


No caso bancário, as fintechs lançam serviços inovadores que fazem os grandes grupos rever o que há décadas estão acostumados a fazer. No Brasil, o setor dos bancos foi se concentrando ao longo das últimas décadas a ponto de três instituições privadas e as duas estatais dominarem por volta de 80% do mercado, um dos mais acentuados percentuais nas mãos de poucos concorrentes no mundo.


Se forem observados valores, as startups não causam abalos nos balanços de lucros bilionários dos grandes bancos. Mas os executivos das instituições tradicionais deixam transparecer incômodo com a inovação das pequeninas fintechs. Sem o custo da rede física, esses neobancos também oferecem crédito pessoal, financiamento da casa própria e cartão de crédito, além da maquininha e de serviços de boleto para prestadores de serviço.


O acesso é dinâmico, via aplicativo, onde mediante um cadastro prévio dá para simular um empréstimo que tende a ser barato devido a essa estrutura enxuta. O Banco Central, que estimula a concorrência, obriga a essas fintechs que estejam associadas a uma instituição financeira consolidada, geralmente um banco de médio porte. 


Como exemplo de concorrência, pelo menos dois grandes bancos disputam com as fintechs o filão do microempreendedor individual (MEI). Esse público, pelo porte, movimenta poucos recursos em muitas operações e, por isso, geraria altos custos a uma agência bancária. Pela internet, a despesa por serviço cai e a grande massa, 8 milhões de MEIs, se tornou chance de engordar o balanço.


Entretanto, nem todas as fintechs batem de frente com os bancos. Muitos desses negócios têm capital das instituições tradicionais para inovarem processos internos, desde o RH até o atendimento ao cliente. Até o momento, não se vê estratégias dos grandes tentando engolir os menores, talvez porque estes precisem crescer e demonstrar capacidade lucrativa.


Possivelmente os grandes bancos estejam mais preocupados com a libra, a moeda virtual do Facebook, que será movimentada pelos canais de mensagens da rede social, inclusive pelo WhatsApp. Os bancos contam com uma grande vantagem, que é a segurança. O poupador precisa da máxima confiança em quem custodia seu dinheiro e o risco de quebra dá calafrios em qualquer um. Felizmente esse mercado ainda não deu sinais de que está se armando com superproteções para impedir as inovações. Enquanto forem para beneficiar o cliente, elas serão bem-vindas.


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