Aumenta a pobreza

Número de pessoas vivendo com menos de US$ 5,50 (R$ 21,20) por dia passou de 36,5 milhões para 44 milhões

Por: Da Redação  -  07/04/19  -  14:06

A inevitável consequência da recessão econômica é provocar o crescimento da pobreza, e com isso piorar as condições de vida de milhões de pessoas. Dados do Banco Mundial mostraram que 7,4 milhões de brasileiros foram empurrados para essa condição entre 2014 e 2017. Isso significa que o número de pessoas vivendo com menos de US$ 5,50 (R$ 21,20) por dia passou de 36,5 milhões para 44 milhões.


Esse é o valor usado pelo Banco Mundial para definir a linha da pobreza, e é expresso em paridade do poder de compra (PPC), que reflete as diferenças no custo de vida dos diferentes países. Quando é considerada a linha de pobreza extrema (menos de US$ 1,90, ou seja, R$ 7,30 por dia), nota-se que o contingente cresceu proporcionalmente ainda mais no período (80%), com 4,4 milhões de pessoas a mais nessa condição.


Esses números contrastam com a década anterior. Entre 2003 e 2013, considerada a "década de ouro", com forte valorização no preço das commodities, houve 54% de queda na pobreza no Brasil. O estudo do Banco Mundial demonstra, porém, que não foram apenas políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, que explicam o fenômeno.


Elas respondem, na verdade, por 33% do efeito, mas a maior parcela (54%) foi atribuída a fatores cíclicos (como os preços mais altos de commodities agrícolas e minerais) e apenas 13% do movimento de redução da pobreza foi devida a mudanças estruturais, que podem ser consideradas mais sustentáveis, na composição da renda per capita.


Não há dúvida que o desafio de reduzir a pobreza, e também a enorme desigualdade no país, prossegue, e isso exige abordagem ampla. De um lado, o progresso social depende não só do crescimento da renda financeira, mas também da evolução do acesso a serviços básicos, como moradia, saneamento, educação e saúde. De outro, há a necessidade de programa ambicioso e consequente de reformas estruturais, capaz de criar condições para que o desenvolvimento econômico aconteça efetivamente.


As previsões para 2019 são pessimistas. O Banco Mundial destaca que o caminho antecipado de aumento do crescimento não ocorreu, e isso fica claro com o corte na estimativa de avanço no Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina de 1,7% para 0,9% neste ano, número que cresce para 1,9%, caso seja excluída a Venezuela, cujo PIB deve recuar incríveis 25% em 2019. A Argentina também vive forte crise, sendo previsto recuo de 1,3% no seu PIB deste ano, enquanto os prognósticos para o Brasil são ainda mais otimistas (avanço de 2,2% no PIB).


Não há como escapar da realidade: embora políticas redistributivas sejam válidas e necessárias, minimizando os efeitos das crises, a única forma, sustentável e efetiva, para a redução da pobreza é o crescimento econômico distribuído e atingindo todas as faixas da população.


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