Atrasos de novo com a vacina
No começo do ano era esperado que a oferta de imunizantes seria bem folgada neste semestre, o que não se consumou
A paralisação da aplicação da CoronaVac em cidades da região, ainda que nova remessa já esteja programada, é muito ruim não só pelo aspecto da desaceleração do processo de cobertura vacinal da Baixada Santista. Além de expor por mais tempo uma população jovem, que tende a se aglomerar por abuso ou descuido no lazer ou frequentar mais o transporte público, fica o risco de contaminação pela variante Delta. O agravante é que ela é mais rápida do que as outras cepas para se disseminar, provocando uma nova onda de casos e óbitos em diversos países, inclusive os que detêm elevada taxa de imunização completa, como Israel. O país estuda até retomar lockdown.
Esta falta de vacina em Santos, Praia Grande e Mongaguá prova que a oferta não se normalizou conforme as necessidades da população. A crise da CoronaVac atingiu a vacinação dos maiores de 18 anos e também a segunda dose da faixa dos 30 aos 36 anos, no caso de Santos. Procurado por A Tribuna, o Governo do Estado afirmou na edição de ontem que enviou a quantidade correta de vacinas conforme o cronograma estabelecido no Programa Estadual de Imunização (PEI). Já a vacinação com a AstraZeneca estava até ontem sem segunda dose disponível em 73% dos postos da Capital. O que preocupa é que continua uma tensão entre o Ministério da Saúde e os governos estaduais, não só São Paulo, com troca de acusações sobre a distribuição e uma logística que parece não atender a urgência dos atuais tempos. A melhor forma para corrigir isso é estabelecer um canal de diálogo para solucionar os problemas ao invés de estimular a disputa política, conforme sugeriu o ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, em entrevista à Globonews.
Com uma demanda por vacinas elevada e Fiocruz e Instituto Butantan no limite, as prefeituras devem ter um cuidado redobrado com as faixas etárias ou públicos específicos que forem chamados. A convocação de cada novo público de forma antecipada gera muita satisfação, mas precisa ser feita com eficiência para não ter o resultado contrário, que é a irritação dos que vão aos postos e não são atendidos. Além disso, a postergação da dose definitiva é perigosa por poder gerar a evasão do público-alvo, lembrando que o reforço é fundamental para romper a continuidade da contaminação da população.
No começo deste ano, quando se lamentava o erro inadmissível do Ministério da Saúde de não ter começado cedo a adquirir as vacinas, era esperado que a oferta de imunizantes seria bem folgada agora neste semestre com a oferta de mais doses no mercado. Passado esse tempo, essa expectativa não se consumou porque a Delta começa a forçar os governos a aplicar uma terceira fase de reforço, o que já acontece no Chile com a CoronaVac. Também há os países africanos, muitos deles quase na estaca zero. Portanto, não se pode falhar em qualquer aspecto com os imunizantes, da fabricação e distribuição à aplicação.