Atenção ao Setembro Amarelo
Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 800 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano, número maior do que o de vítimas de guerras, homicídios ou câncer de mama
A campanha de prevenção aos suicídios, acentuada neste mês - o Setembro Amarelo - merece atenção de todos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 800 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano, número maior do que o de vítimas de guerras, homicídios ou câncer de mama. É verdade que a taxa global de suicídios caiu 10% entre 2010 e 2016, mas o número de mortes continuou estável, tendo em vista o crescimento da população mundial.
Apesar do progresso, destaca o diretor-geral da OMS, Adhanom Ghebreyesus, uma pessoa morre a cada 40 segundos no mundo, acrescentando que os suicídios são evitáveis e todos os países deveriam incorporar estratégias comprovadas de prevenção nos programas nacionais de saúde e educação. Fica, pois, evidente que essa prevenção não pode estar restrita a atitudes das famílias, e sim deve ser encarada como grave problema de saúde pública, exigindo ações dos governos e políticas públicas nesse sentido.
A taxa global de suicídios, em 2016 (último dado disponível), era de 10,5 para cada 100 mil pessoas. Os jovens são particularmente vulneráveis, e o número daqueles que tiram sua própria vida só perde para acidentes de trânsito, sendo maior do que as vítimas da violência. Os índices variam muito entre países e regiões, oscilando bastante, mas nota-se que a maioria dos suicídios ocorre em nações de baixa e média renda, que concentram a maior parte da população global.
No topo da lista, estão Guiana (30,2 para cada 100 mil habitantes), Lesoto (28,9), Rússia (26,5) e Lituânia (25,7). No Brasil, a taxa é de 6,1 a cada 100 mil habitantes, abaixo da média mundial, mas, ainda assim, os números absolutos são preocupantes: em 2016 foram registradas 13.467 ocorrências do tipo, e essa quantidade pode ser muito maior. Deve ser considerado que a subnotificação em muitos países, incluindo o Brasil, é grande, e muitos casos de suicídio não são contabilizados.
Relatório da OMS apontou que os países podem reduzir significativamente o número de suicídios com a limitação de acesso a armas de fogo e a pesticidas. No Sri Lanka, as regulamentações e proibições ao uso de defensivos agrícolas reduziu em 70% a quantidade de pessoas que tiraram a própria vida entre 1995 e 2015, resultando em 93.000 vidas salvas.
O suicídio é premeditado e os sinais de alerta - mudanças de comportamento e conduta por duas semanas ou mais, preocupação recorrente com a própria morte, falta de esperança e visão negativa sobre sua vida e futuro, entre outros - devem ser percebidos por familiares e amigos, buscando atendimento em serviços públicos e voluntários, como os do Centro de Valorização da Vida (CVV). A questão envolve ações individuais e coletivas, e representa enorme desafio à sociedade, que deve encarar o problema como prioridade absoluta.