Atenção à saúde

A partir de agora, será preciso dar foco a outras doenças e cirurgias eletivas, que ficaram congeladas na pandemia

Por: Redação  -  02/11/21  -  06:43
 Depois de 20 meses de pandemia, a covid-19 está cedendo à vacinação.
Depois de 20 meses de pandemia, a covid-19 está cedendo à vacinação.   Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Depois de 20 meses de pandemia, com fases intercaladas de ascensão e decréscimo dos casos de contaminação e mortes, a covid-19 está, enfim, cedendo à vacinação, e o Brasil já supera os 55% de ciclo vacinal completo. Na Baixada Santista, a situação é ainda melhor, com 64% da população vacinada com as duas doses. Com esse cenário favorável, o Governo do Estado já se sente seguro em liberar de restrições, a partir deste mês, todos os eventos com concentração de público, como baladas, shows e jogos com torcidas. Desde segunda-feira (1º), a capacidade máxima é permitida, só restando como exigência o uso da máscara e a apresentação da carteira vacinal.


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Com um quadro favorável e a desativação, por completo, dos hospitais de campanha - como o Vitória, em Santos, na semana passada - uma atenção especial precisará ser dada a outro campo da Medicina: a saúde básica e as cirurgias eletivas, que ficaram suspensas ou retardadas para que médicos, leitos, insumos e pessoal técnico pudessem estar integralmente focados no tratamento das pessoas acometidas pela covid.


Dado recente compilado a partir de consulta às secretarias municipais de saúde da região indicava uma fila de 6 mil pessoas para cirurgias eletivas, como ortopédicas, ginecológicas e vasculares. Em alguns municípios, a espera médica é de três anos, a depender do grau de gravidade. Com a pandemia, porém, esse tempo pode ter sido elevado.


Além das cirurgias, tratamentos e acompanhamentos rotineiros foram suspensos ou interrompidos, o que pode ter elevado o grau de gravidade de casos que, até então, eram considerados leves. Há uma estimativa de que a pandemia fez reduzir em 30% os diagnósticos novos de câncer, fruto do medo das pessoas em fazer exames rotineiros na pandemia e da suspensão ou lentidão de alguns serviços durante esse período. Além do não-diagnóstico de casos novos, a pandemia pode ter agravado casos que estavam em estágios iniciais.


Uma pesquisa que o Instituto Oncoguia realizou com 429 pacientes oncológicos revelou que 43% foram impactados pela pandemia. Desses, 15% afirmaram que seus tratamentos tinham sido adiados, 10% não conseguiram agendar consultas e 6% tiveram seus tratamentos cancelados, sem previsão de retorno.


Todos esses cenários acendem o sinal de alerta para a rede pública de saúde, que já enfrenta limitações de recursos financeiros e equipes. Há um fator extra a ser considerado e que decorre da crise financeira que se abateu sobre centenas de milhares de família durante a pandemia, levando-as a cancelar seus planos de saúde e ter, a partir de então, o Sistema Único de Saúde como único provedor de saúde.


Será preciso que estados e municípios se debrucem sobre esse quadro a partir de agora, incluindo busca ativa por pacientes que interromperam tratamentos. Ou isso ou os reflexos da pandemia se estenderão por décadas.


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