As multas e o trânsito

Dar segurança e fluidez ao trânsito também depende da CET, especialmente na sintonia semafórica

Por: Redação  -  02/03/22  -  06:38
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/   Foto: Francisco Arrais/ PMS

Difícil sentir algo diferente da ira quanto se recebe, em casa, uma notificação de multa no trânsito. A notificação antecede a emissão do boleto para pagamento, permitindo ao motorista que, em determinado tempo, comunique à autoridade de trânsito eventual mudança na titularidade da multa, caso não seja ele o condutor do veículo no momento da infração. Pelos números divulgados na semana passada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o total de multas vem crescendo em Santos. A cada três veículos existentes na Cidade, dois receberam multas em 2021. Foram 184.773 placas diferentes, o equivalente a 66,25% da frota santista, estimada em 278.897 veículos.


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A mesma contrariedade surgiu quando da entrada em vigor do novo Código de Trânsito Brasileiro, em 97, que passou a exigir o uso do cinto de segurança para os automóveis, e do capacite para os motociclistas. Hoje, a não observância desses itens também gera multa e pontos da Carteira de Habilitação. Mas se a ira deve ser o sentimento mais frequente, também é fato que, não fosse a fiscalização rigorosa com aplicação de multas, o número de acidentes e mortes seria maior.


Os números da CET-Santos apontam para as infrações mais comuns: transitar em velocidade superior à máxima permitida, avançar sinal vermelho, estacionar em local ou hora proibidos, e o uso do celular ao volante, este com um aumento significativo nos dois últimos anos, de 15,9%.


Aplicar multas e pontuar na CNH são ferramentas necessárias quando a conscientização sobre a direção segura não acontece de forma espontânea. No entanto, a autoridade de trânsito não fica isenta de fazer sua parte para um trânsito mais seguro e fluido, especialmente em uma cidade com menos de 40 quilômetros quadrados de área e que não cresce em sistema viário há décadas. Entre as queixas mais do que legítimas apontadas pelos motoristas estão a falta de sintonia no sistema semafórico – a chamada Onda Verde -, a sinalização precária em algumas vias públicas, que mais confundem do que esclarecem, e a falta de uma postura mais educativa e cordial por parte de alguns agentes, que parecem ávidos em multar e pouco afeitos a orientar e dar fluidez nos pontos e momentos críticos do trânsito.


Os recursos advindos das multas são carimbados: sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. No item educação de trânsito, talvez pudessem ser incrementadas as ações focadas em motociclistas de aplicativos de entregas, os que mais se arriscam em manobras imprudentes e as maiores vítimas também: no ano passado, das 16 mortes no trânsito, sete foram de motociclistas. A esses, uma campanha educativa, em parceria com os próprios aplicativos, poderia surtir efeito positivo. Assim como em outras áreas das grandes cidades, a segurança no trânsito é uma cartilha que precisa ser escrita pelo conjunto da coletividade. Por ora, aplicar multas ainda é uma linguagem necessária nessa escrita.


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