As estatísticas do crime

Por trás das estatísticas, há pessoas e cada uma delas enfrentou um drama particular ao integrar esses dados

Por: Redação  -  01/02/22  -  07:05
  Foto: A Tribuna

A queda de 22,75% dos registros de roubos (subtração com violência ou ameaça) na Baixada Santista entre 2019 e o ano passado serve de estímulo para o Governo do Estado ampliar os investimentos em segurança pública, até porque os números absolutos permanecem assustadores.


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Deve-se lembrar que, por trás das estatísticas, há pessoas e cada uma delas enfrentou um drama particular ao ingressar o banco de dados da polícia. E também que a sensação de insegurança persiste na sociedade e que os casos de extrema violência são praticamente diários no noticiário policial.


Porém, os dados mostram que há queda percentual consistente. Segundo o levantamento feito pelo repórter Daniel Gois com base em dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, a Baixada contava com 13.950 registros de roubos em 2019, recuando para 10.776 em 2021. Por cidades, os melhores resultados são de São Vicente, com recuo de 38%, Cubatão (-36%), e Santos (-30%). Houve aumento apenas em Bertioga, de 2,53%.


Por crimes ainda houve aumentos em algumas modalidades, como homicídios dolosos (houve intenção de assassinar), de 7,96% entre 2019 e o ano passado. Observando-se em números absolutos, os dados são aterradores, com 113 em 2019 e 122 no ano passado. Em latrocínios (roubo seguido de morte), o aumento percentual foi pior ainda, de 100% (de cinco casos em 2019 para dez em 2021). Já os furtos (subtração sem violência) cresceram 1,48%, também com dados acentuados, de 25.199 para 25.572.


Nas outras modalidades houve recuos bem relevantes, como queda de 43,82% dos roubos de veículos (1.433 em 2019 e 805 em 2021), enquanto os furtos desse mesmo bem caíram 5,56% (de 2.786 para 2.631). Os estupros também diminuíram, de 515 para 489 (-5,04%).


Para uma análise mais eficiente, o levantamento comparou 2021 com 2019, pois em 2020 (os dados desse ano também estão na reportagem) houve um impacto profundo do isolamento social, sendo conhecido por esse motivo excepcional que a violência se retraiu. Também vale a pena estudar se o uso de artifícios digitais, como o Pix, acabou tendo uma participação maior nos modos de crimes, dos roubos aos homicídios.


Os governos precisam ter uma estratégia bem definida para continuar derrubando a incidência de crimes e privilegiando a inteligência, que está sempre no discurso eleitoral dos políticos em todo o País e que precisa sair do papel para enfrentar as facções ou as quadrilhas mais sofisticadas. E ainda combater os pequenos crimes e quebrar a epidemia da criminalidade que arrasta os jovens para a violência em todo o País.


Por isso, é fundamental haver mais policiamento e que esses profissionais sejam bem equipados, treinados e melhor remunerados, ao mesmo tempo que investir em ensino, políticas sociais e habitação é o caminho para inibir as facilidades com que o crime avança nas periferias.


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