Agenda verde na economia

Manter a qualidade ambiental é condição ímpar para os países que querem manter suas relações comerciais

Por: Redação  -  28/09/21  -  06:51
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Presidentes de 107 grandes empresas nacionais e estrangeiras e de dez entidades setoriais assinaram uma carta defendendo objetivos climáticos ambiciosos e o protagonismo do País nas negociações do clima. O documento será apresentado ao governo brasileiro e levado para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, marcada para novembro, em Glasgow, na Escócia.


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Chamada de ‘Empresários pelo Clima’, a proposta é liderada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e, entre as 107 empresas, 46 têm capital aberto e respondem por R$ 1 trilhão em faturamento. Entre elas, estão nomes de peso na economia brasileira, como Bradesco, BRF, Bayer, Klabin, Renner, Nestlé, Shell, Amazon, Vivo, Natura, Posto Ipiranga, entre outros. Essas e as demais empresas temem que a imagem nebulosa que tem se formado em torno do Brasil, em relação à agenda ambiental, comprometa os investimentos estrangeiros. Mais que isso: que afaste a entrada de recursos por parte de investidores que mantêm programas de compliance que rejeitam negociações com países em desconformidade com a preservação.


A carta diz, em um de seus trechos: “Objetivos climáticos ambiciosos correspondem à nossa convicção de que o Brasil deve buscar o protagonismo nas negociações de clima. Esse é o papel compatível com a nossa tradição de integridade climática”. E mais: “O Brasil deve manter a sua centralidade nesse diálogo, sob pena do enorme prejuízo ao setor produtivo e à sociedade brasileira”.


Essa é a primeira iniciativa formal, dessa amplitude, adotada pelo setor produtivo brasileiro. Em outras palavras, o que esses CEOs estão dizendo é que não adianta, de um lado, adotarem medidas ambientalmente amigáveis da porta para dentro se, da porta para fora, a impressão tem sido a pior possível. Em abril, durante a cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro disse que anteciparia em 10 anos o prazo para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa. Mas não disse como.


Além disso, um dos pontos que mais chamam a atenção da comunidade internacional é o aumento do desmatamento, especialmente na Amazônia, e as ações pouco efetivas - para não dizer de estímulo - contra madeireiros ilegais.


A pauta verde deixou de ser um movimento liderado apenas por ativistas ambientais, acadêmicos e pesquisadores. Já ficou para trás a imagem equivocada de que defender o meio ambiente era pauta dos chamados ‘ecochatos’. Manter níveis aceitáveis de qualidade ambiental, preservar a água potável, aumentar níveis de saneamento, a qualidade do ar e dos alimentos consumidos devem ser pautas obrigatórias para qualquer país que queira manter suas relações internacionais. As empresas têm acordado para isso como condição ímpar de sobrevivência. A tarefa, agora, é sensibilizar o governo também.


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