Agenda propositiva

Presidente deveria focar na retomada da economia ao patamar pré-covid

Por: Redação  -  16/08/21  -  08:00
 Presidente deveria focar na retomada da economia ao patamar pré-covid
Presidente deveria focar na retomada da economia ao patamar pré-covid   Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nem bem encerrou um embate político que durou meses e ganhou espaço na mídia até fora do País, e o presidente Jair Bolsonaro já engata outro, sem trégua. Na última terça-feira, o plenário da Câmara dos Deputados impôs uma das maiores derrotas políticas ao presidente, ao rejeitar a PEC do voto impresso, que não obteve os 308 votos necessários para aprovação.


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No mesmo dia, o Senado aprovou o projeto que define crimes contra o Estado Democrático de Direito, como a interrupção das eleições e o uso de fake news nos pleitos. Foi uma semana tensa em Brasília, de reveses importantes para o Governo. Pausa e revisão de planos seriam a melhor estratégia, tendo em vista que há, ainda, muitas outras questões polêmicas a serem submetidas aos legislativos.


Pausa e revisão de estratégias não foram bem os elementos que pautaram nova investida do presidente, desta vez contra o Supremo Tribunal Federal, com quem vem mantendo embates frequentes nos últimos meses. No sábado, Bolsonaro anunciou, pelas redes sociais, que vai apresentar ao Senado pedido de impeachment dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, cada um com seu conjunto de argumentos.


Contra Barroso, a queixa é de que tem feito ‘dobradinha’ com seu vice-presidente, Hamilton Mourão, na tentativa de derrubá-lo.


O ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria convidado Mourão para uma reunião, a portas fechadas. Segundo divulgado pela imprensa, o ministro queria saber do vice-presidente se há, de fato, risco de ruptura institucional no País, tendo em vista a série de falas do presidente que colocam em xeque as eleições de 2022.


Com Alexandre de Moraes as relações são tensas há bem mais tempo. O último embate foi no início de agosto, quando o presidente foi incluído pelo ministro no inquérito das fake news, ao que reagiu dizendo que resolveria a questão “fora das quatro linhas da Constituição”. Na sexta-feira, Moraes expediu ordem de prisão contra um dos apoiadores de Bolsonaro, o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.


Diante de um cenário desfavorável e delicado, esperava-se do presidente qualquer outra iniciativa, menos o anúncio de que pretende pedir o impeachment dos dois ministros, algo inédito na história do País.


Ao romper com seu vice, a quem acusa de ‘traidor’ e de estar armando sua deposição, o presidente vai se isolando e perdendo aliados.


Perde, também, oportunidades singulares de chamar para si uma agenda positiva e conciliadora, que foque na retomada da economia e no estimado crescimento do PIB em 5,5% este ano.


Em lugar de prolongar a crise entre os poderes e aumentar ainda mais seu desgaste, o presidente deveria sentar com sua equipe e estudar as melhores estratégias para fazer o Brasil voltar ao patamar pré-covid. Seria sua melhor propaganda política para 2022.


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