Adolescentes, uma pauta permanente
Ao menos quatro em cada dez jovens recolhidos a uma unidade de internação não estavam na escola
Terminou nesta semana a última etapa de amplo projeto desenvolvido pelo Grupo Tribuna envolvendo adolescentes internos das unidades da Fundação Casa. O trabalho começou em setembro, com censo feito pelo Instituto de Pesquisas A Tribuna nas seis unidades de internação da região, seguindo com caderno especial e quatro videorreportagens, produtos editoriais que tiveram como finalidade expor alguns dos resultados encontrados a partir dos relatórios produzidos com respostas dos 245 internos. Educação, família, ingresso no universo dos atos infracionais, relação com a comunidade onde vivem, quanto ganham praticando delitos e histórico de parentes também envolvidos com crimes foram algumas das abordagens.
Na etapa final, dois temas foram selecionados para, em torno deles, reunir promotor, professores, conselhos e representantes da própria Fundação Casa: Educação e Trabalho. E é nesse ponto onde estão alguns dos principais gargalos a serem resolvidos quando o universo diz respeito a adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O estudo mostrou que ao menos quatro em cada dez jovens recolhidos a uma unidade de internação não estavam na escola. Segundo especialistas da área educacional ouvidos no fórum desta semana, o problema envolve mais do que o interesse pela escola, mas a necessidade da família desse jovem ser acolhida também. Da percepção da família sobre a importância da educação para esse jovem, especialmente os egressos da internação, depende a continuidade dos estudos e a opção por outros caminhos.
Outra questão levantada nos debates foi a necessidade de uma atenção diferenciada aos adolescentes que começam a se envolver com o tráfico ou com outros delitos. Nas comunidades vulneráveis, cooptar jovens para integrar organizações criminosas é prática comum, e a escola precisa ter esse olhar diferenciado para que outros serviços e especialistas entrem em ação.
No quesito trabalho, outro gargalo, em especial para os que ganham a liberdade após período de internação. Já existem legislações e decretos que criam oportunidades de emprego para jovens aprendizes, em que esses adolescentes poderiam ser acolhidos. A questão, porém, é que não há rigor para fiscalizar a obrigatoriedade de as empresas cumprirem a cota mínima para jovens aprendizes.
Longe de vitimizar os adolescentes que cometem atos infracionais, o trabalho desenvolvido pelo Grupo