Ações urgentes e coletivas

Ou se tem uma ação metropolitana, rigorosa e organizada, ou o quadro hospitalar se esgotará em questão de dias

Por: Da Redação  -  19/03/21  -  09:18

Não é mais possível tergiversar: a covid-19 infecta e mata como nunca no Brasil. A entrevista coletiva concedida ontem por médicos e dirigentes hospitalares de Santos, na Secretaria de Saúde da Cidade, é a ilustração definitiva do quadro. Detalhadas nesta edição com números e drama, as afirmações quanto à necessidade urgente e inadiável de esvaziar leitos demonstram que é hora de medidas rigorosas não só no Município, mas na região.
Um dos fatores que mais impactaram na fala de dirigentes e infectologistas é que a deficiência não é apenas de leitos hospitalares, mas de insumos, medicamentos e material humano.


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Reunidos ontem à tarde, os nove prefeitos descartaram a adoção de lockdown, mas qualquer que seja, então, o plano adotado pelo coletivo não poderá permitir relaxamento. Nas últimas semanas, a burla das regras tem sido comum em todos os nove municípios. Compreendem-se a preocupação e a emergência que também afetam o setor produtivo, mas nem todas as transgressões têm vindo dessa ala da sociedade e, sim, de segmentos e pessoas que simplesmente ignoram todas as regras sanitárias.


São legítimas e devem ser tratadas com seriedade todas as preocupações econômicas advindas de um bloqueio de atividades não essenciais. Por isso, governos têm de encontrar depressa saídas temporárias para aqueles que estão à beira da caridade alheia. É algo que supera a emergência dos já anunciados pacotes para empresas e empreendedores. Trata-se de socorrer os que não poderão trabalhar e nem sempre têm defesa previdenciária, incluindo comerciantes, trabalhadores informais, prestadores de serviços.


O auxílio emergencial que o Governo Federal pagará, conforme se estima, a 46 milhões de famílias poderá não fazer frente ao básico, em vista do galope inflacionário. Governos estaduais têm de eliminar tributos, mediante a exigência de redução proporcional de preços ao consumidor. Prefeituras também devem transferir às mãos dos mais próximos à fome a verba de tudo o que não for fundamental.


Também cabe aos municípios pedir, e às câmaras locais autorizar, a redução temporária nos vencimentos de ocupantes de cargos eletivos e comissionados — a exemplo do que se tem feito desde o ano passado para a preservação de empregos no setor privado.


Os cinco deputados estaduais que representam a Baixada na Assembleia Legislativa têm o dever de se unir a este discurso. Há que considerar inadmissíveis pedidos de exceção em medidas restritivas e para eventuais avanços de fase a tons menos escuros que os necessários à pintura deste quadro sanitário.


São quase 3 mil óbitos por dia no Brasil. Cerca de 90 mil infectados a cada 24 horas. Abrandar a crise sanitária e retomar o caminho do desenvolvimento, mais do que nunca, dependem, primeiro, da compreensão do atual quadro e, ato contínuo, de ações coletivas e ordenadas.


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