A velocidade do mundo
Santos tem toda condição de conectar as pontas entre oferta e demanda no universo da tecnologia e da inovação
Nas redes sociais, jornais, sites e TV o texto anuncia: “estamos chegando a Santos”. O anúncio refere-se a uma nova forma de fazer compras. De comidas e bebidas a produtos de limpeza e higiene pessoal, o serviço se ‘vende’ como uma novidade no universo do e-commerce. Não tem espaço físico, mas apenas digital, com preços semelhantes aos praticados nos mercados e condições acessíveis para pagar. Muitos dirão que ir às compras presencialmente vai além de apenas pesquisar preços e escolher o local mais barato. De fato, frequentar o supermercado é ‘terapêutico’ para muitas pessoas, especialmente em uma região com público mais velho.
A reflexão, porém, deve ser outra, similar àquela que se teve quando começou a chegar o transporte por aplicativo. No início, um movimento tímido e de efeito desconfiado por parte daqueles que, sem a referência de uma cooperativa de táxi, esquivavam-se de baixar o App para a nova forma de locomover-se nas cidades. Menos de cinco anos separam duas realidades bastante diferentes, onde taxistas e demais categorias de transporte formal precisaram se reinventar para continuar vivos.
Esses movimentos, que parecem começar lentos e logo ganham a adesão do público, vão subtraindo do mercado de trabalho postos tradicionais e historicamente instalados. Ameaçam as formas consolidadas de pensar e agir. Ganham a ira dos que se mantêm refratários a tais novidades. Por outro lado, representam desafios novos aos que pensam o futuro das cidades, em particular os administradores públicos e instituições de ensino.
No último domingo, este jornal trouxe ampla reportagem sobre o Parque Tecnológico de São José dos Campos, já consolidado na cidade e braço forte na geração de negócios e atração de investimentos. Nas palavras dos gestores do parque, foi uma oportunidade para reforçar a economia em um momento de retração no País, no final dos anos 90 e início dos anos 2000.
Santos já tem seu parque tecnológico criado e o prédio para abrigá-lo construído. Além disso, busca novas formas de ganhar mercado, fixar jovens talentos e movimentar a economia. Tem em mãos, portanto, a oportunidade de aglutinar interesses e conectar as pontas dessa cadeia chamada tecnologia e inovação. Em São José dos Campos, mais de 160 empresas, dos mais variados segmentos, gravitam na órbita do parque, contratando mão-de-obra qualificada, recolhendo impostos e atraindo para a cidade outros personagens dessa cadeia, como financiadores de boas ideias e bancos.
Um ajuste, porém, é preciso fazer nessa engrenagem: a velocidade. Sabe-se que o setor empresarial está se movimentando, negócios estão sendo criados no mundo digital e, em sendo eficientes, logo se consolidam. O ambiente está criado, e Santos tem toda condição de ser a cidade que promoverá essas conexões, fazendo da tecnologia, ao lado do porto, das indústrias, turismo e serviços, mais um braço forte de sua economia.