Com o projeto da ligação seca entre Santos e Guarujá no centro de mais um embate entre os governos Federal e Estadual, o que interessa é que essa briga beneficie a região. O plano do governador João Doria (PSDB) é construir uma ponte em parceria com a concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, Ecovias, ao custo de R$ 3,9 bilhões. Conforme A Tribuna publicou ontem, a ideia dele é recorrer à Justiça se até o próximo mês a União não autorizar o empreendimento. Já o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, durante participação na audiência pública sobre desestatização do Porto de Santos, na Associação Comercial de Santos, ontem, disse que a decisão é pelo túnel submerso. O discurso segue a posição do presidente Jair Bolsonaro, que na semana passada, em entrevista exclusiva a A Tribuna, disse ter preferência pela ligação submersa.
A ideia de construir uma travessia no estuário está perto de completar um século. É de 1927 o primeiro projeto para construir a ligação. Desde então, de tempos em tempos, a obra voltou ao radar dos governos, atraiu holofotes aos políticos do momento é ganhou reportagens de A Tribuna, mas nunca saiu do papel. Nos últimos anos, quando o investimento ganhou novo fôlego, houve divergências sobre qual tipo de travessia seca é a melhor para a região, se ponte ou túnel. Como o mais difícil é partir para a execução, que venha uma das duas alternativas ou, quem sabe, as duas.
Com o avanço da tecnologia, a discussão depende mais da disponibilidade de recursos. Do lado da União, o ministro ressalta que o investimento seria feito pela iniciativa privada por meio da inclusão do projeto na privatização da gestão do Porto de Santos. Doria diz que não se opõe ao túnel e que as duas alternativas poderiam ser implantadas. Já Freitas alega que a proposta paulista prorroga o contrato da concessionária rodoviária com tarifas “altíssimas” e que a ligação submersa resultaria em redução de custo portuário.
Por outro lado, o governador afirma que seu projeto já está praticamente viabilizado, incluindo a aprovação ambiental. Mas os adversários da opção pela ponte ressaltam que ela futuramente poderia impedir a passagem de navios cada vez maiores e que o plano de Freitas é de praticamente dobrar a área do Porto.
A obra estadual, porém, está projetada para um trecho entre a Anchieta, altura do quilômetro 64, na altura da Alemoa, e a rodovia Cônego Domênico Rangoni, no Km 250. Já o túnel ainda depende de uma definição, mas a preferência é pela ligação entre o Macuco, em Santos, e Vicente de Carvalho, em Guarujá. Porém, o que não pode acontecer é a ligação seca permanecer no papel por briga política ou desentendimento entre governos. O ideal seria a união dos esforços da União e do Estado pela obra. Chega de promessas para a região e é hora de partir para a execução.
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