A responsabilidade com o próximo

A partir do dia 11, cada cidadão fica muito mais responsável não só por sua segurança sanitária, mas com a do próximo

Por: Redação  -  26/11/21  -  07:17

A partir do próximo dia 11, o uso de máscaras ao ar livre e sem aglomeração dependerá apenas da conscientização e da sensação de segurança do cidadão, pois a medida será facultativa. Infectologistas acham essa mudança precipitada e um risco perante o que se verifica na Europa – países que achavam ter controlado a covid-19 e afrouxaram as normas sanitárias agora enfrentam surtos e precisam recuar, como Alemanha, Áustria e Holanda. O Governo do Estado alega que a cobertura vacinal completa, agora de 74,5% dos paulistas, chegará a 80% no fim do mês e que os óbitos e internações recuaram mais de 90%. Mas os próprios médicos acham a decisão “imprudente” e um risco ainda acentuado para as pessoas de saúde mais frágil.


  Foto: Michael Jin/Unsplash

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Espera-se que toda a equipe que assessora o governador esteja convicta de que o dia 11 é a data certeira para a flexibilização do uso de máscara, pois se trata de uma medida de grande responsabilidade. Até porque, com o afrouxamento, cada cidadão fica mais responsável não só por sua segurança sanitária, mas também a do mais próximo.


A atenção deve ser redobrada nas cidades densamente povoadas ou de vocação turística, que a partir desta época do verão ou nos fins de semana ou feriadões registram facilmente aglomerações em calçadões ou praias.


Medida parecida já foi tomada no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, onde a cobertura vacinal atingiu 73%, apesar do uso da máscara nas vias públicas não ser mais obrigatório, muita gente ainda prefere não abrir mão da proteção, até porque as ruas ficam lotadas de pedestres. Na região, Santos, Itanhaém e Peruíbe seguirão o Estado. A Prefeitura de Santos, entretanto, decidiu preparar uma campanha de conscientização para o cidadão não abrir mão da proteção quando se encontrar em áreas abertas com aglomeração ou em meio a grandes fluxos de pedestres.


O risco da medida é a possibilidade de gerar uma falsa impressão de segurança, a mesma que pode ter levado os europeus a afrouxarem os cuidados e se aglomerarem em jogos, shows e casas noturnas. No Brasil, as aglomerações são elevadíssimas no transporte público e sempre há os imprudentes que já usam a máscara no queixo.


Por aqui, repete-se que a cultura de se imunizar está arraigada na população. Porém, a cobertura vacinal, no caso da covid-19, na Europa, não está tão baixa assim, apesar de terem percentuais inferiores ao paulista. Na Alemanha é de 68%, na Áustria, de 65%, na Holanda, de 72%, e no Reino Unido, de 68%. O problema lá é que esses índices pouco avançaram desde agosto. Por outro lado, indicam que o potencial de infecção da covid-19 é elevado mesmo nesses patamares de imunização, o que serve de alerta para as autoridades brasileiras. O melhor desempenho na Europa é o de Portugal, com 86%. No final das contas, o cuidado individual associado com máscara e vacina é a única medida eficaz garantida contra a doença.


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