A política na Petrobras

São custos que se avolumam e um simples represamento eleitoreiro de preços nos postos só tende a aumentá-los

Por: Redação  -  25/05/22  -  06:31
  Foto: Agência Brasil

Como era esperado, mas não tão cedo, o presidente Jair Bolsonaro trocou de novo o comando da Petrobras. Mais uma vez, o impacto do preço do petróleo nos combustíveis foi o motivo de mais uma demissão na estatal.


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Porém, o indicado - Caio Paes de Andrade - chega com uma missão clara: segurar os reajustes do diesel, da gasolina e do gás de cozinha até as eleições. Depois do pleito, se Bolsonaro for reeleito, o que o governo fará? Um tarifaço? Ou ficará para o sucessor dar outros rumos à estatal? Ao invés, de decretar um congelamento, medida já experimentada que costuma acabar em catástrofe econômica, o Palácio do Planalto decidiu agir por meio das regras da empresa, que é o trocar o presidente e provavelmente os conselheiros para depois serem nomeados diretores que tomariam as medidas esperadas pelo Palácio. Assim, os novos gestores deixarão de atuar conforme os interesses da companhia, mas em sintonia com a campanha eleitoral governista.


Segundo analistas, essa incursão no alto escalão da Petrobras deve levar de 15 a 30 dias, um trâmite necessário devido à governança da empresa, que reforçou suas regras desde os escândalos de corrupção na gestão petista. Apesar do governo deter o controle, a Petrobras tem a maior parte de suas ações no mercado, que vão de grandes fundos estrangeiros e brasileiros a médios e pequenos investidores pessoa física. São sócios e se seus interesses forem comprometidos deverão ir à Justiça, como foi no caso dos que processaram e depois fizeram acordo bilionário com a petrolífera nos Estados Unidos, onde a brasileira negocia seus papéis.


A grande questão, portanto, será a consequência de eventual retenção de preço para a empresa. Muitos países, cujos governos enfrentaram queda popularidade devido ao aumento dos combustíveis, adotaram vários tipos de subsídios. No Brasil, trata-se de uma medida impraticável devido ao custo de cobrir os gastos de milhões de donos de caminhões e veículos particulares, ainda mais em um País que tem sua economia dependente do modal rodoviário. A outra alternativa é criar um fundo com recursos dos royalties do petróleo ou dividendos da Petrobras que iriam para o governo, mas isso leva tempo e o recomendável é formá-lo em tempos de barril mais barato e não agora - seus recursos rapidamente seriam esgotados.


Há ainda um problema extra que o País pode enfrentar, que é a falta de diesel no mercado internacional, o que indica uma tendência de alta dos preços do derivado. Não se deve esquecer que o Brasil não é autossuficiente em derivados porque suas refinarias ainda não são preparadas para o tipo de petróleo extraído das costas brasileiras, o que a estatal já disse que pretende resolver após meados desta década com investimentos em suas unidades de refino. São custos que se avolumam e um simples represamento eleitoreiro de preços nas bombas dos postos de combustíveis só tende a aumentá-los.


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