A liberação do uso de máscara

Os governos precisam manter a estrutura de saúde anticovid pronta para ser retomada em caso emergencial

Por: Redação  -  20/03/22  -  06:38
  Foto: FreePik

O fim do uso obrigatório de máscara em locais fechados – exceto no transporte público e em serviços de saúde – dá ao cidadão a liberdade de decidir se vai continuar com a proteção ou não. O Governo do Estado já havia retirado a exigência ao ar livre e muita gente permaneceu se protegendo nas ruas, parques e praias assim mesmo – talvez por força do hábito nos últimos anos ou por desconfiar de que o pior já passou.


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Em uma consulta simples por meio do perfil de A Tribuna no Instagram, na quinta-feira, os que concordavam com essa decisão do governador João Doria eram 49% e os contrários 51%, enquanto 44% afirmaram que iriam abandonar a máscara e 56% não. Em meio a essa divisão, pelo menos fica a impressão de que o recado da importância da prevenção foi bem disseminado na população. Talvez isso tenha efeitos positivos para o combate a várias doenças daqui para frente.


Para tomar sua decisão, Doria afirma ter se baseado no Comitê Científico do Coronavírus de São Paulo. Considerando a importância dessa medida e a persistência da covid-19 nos últimos dois anos, quando algumas vezes se pensou que a doença estava controlada, acredita-se que o parecer dessa equipe seja resultado de uma discussão criteriosa e rigorosa.


A alegação de Doria é de que, mesmo após 14 dias de Carnaval, cujos desfiles foram proibidos, mas as festas particulares não, os indicadores de mortes e infectados continuaram em queda. O comitê também apontou um índice elevado de vacinação no Estado, com 90% da população acima de 5 anos imunizada, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).


Entre os infectologistas que atendem a população no dia a dia, há muitas críticas ao fim da obrigatoriedade do uso das máscaras em áreas fechadas. Médicos que A Tribuna entrevistou nos últimos dois anos sobre covid-19, como Elisabeth Dotti, Marcos Caseiro, Evaldo Stanislau e Leonardo Weissmann, consultados para a reportagem sobre a decisão de Doria, alertaram para riscos de aumento da transmissão, de que o País ainda registra centenas de mortes por dia e de que há possibilidade de variantes voltarem a se manifestar.


Observando as estatísticas do Our World in Data, o Brasil atingiu uma cobertura de 74% da população totalmente vacinada, acima, por exemplo, dos Estados Unidos, empatando com a Noruega, porém atrás de Argentina (80%), Chile (9o%) e Portugal (91%).


Mas a mais recente onda da Ômicron infectou muita gente que recebeu duas doses dos imunizantes, lembrando ainda que a aplicação de reforço atingiu apenas 33%.


Por isso, é muito importante que a população se proteja por conta própria e que os governos mantenham a estrutura de saúde anticovid pronta para ser retomada em caso emergencial. A grande vitória, por enquanto, é contra sintomas graves e internações, mas é preciso proteger os mais frágeis – os idosos e os com comorbidades.


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