A dúvida do crescimento
Por trás do ânimo do governo, está um contexto econômico mais robusto, mas que pode não se sustentar
![PIB brasileiro teve crescimento de 1% no primeiro trimestre do ano](http://atribuna.inf.br/storage/Opinião/Editorial_A_Tribuna/censurado2619632913857.webp)
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) , no primeiro trimestre, de 1% em relação ao período de outubro a dezembro é uma notícia animadora e comemorada pelo governo. Entretanto, há muitas dúvidas em relação ao segundo semestre, quando a subida dos juros passará a ter reflexos na economia, se a taxa Selic mais elevada domará a inflação e se os países ricos ganharão fôlego, ao contrário do que o momento indica. No Brasil, a expansão é praticamente reflexo de uma demanda reprimida. O País está uma etapa atrás em relação ao Hemisfério Norte, considerando a recuperação quanto à covid-19.
Tanto é que o motor do avanço do PIB do Brasil foram os serviços, com a retomada do movimento de bares, restaurantes, hotéis e atividades de lazer. A demanda internacional por commodities (produtos minerais e agrícolas com preços definidos nas bolsas internacionais) beneficiou as exportações, mas, no campo, a seca causou muitas perdas no verão – no primeiro trimestre, o agronegócio recuou 0,9%.
Ainda há o impacto externo, com a continuidade das cadeias de produção mundiais desajustadas devido à covid-19 e a China adotando restrições regionais em busca de zerar a transmissão do vírus. Também é esperado que os países ricos que adotaram a subida de juros para segurar a inflação, como os Estados Unidos, passem a crescer menos, a estagnar ou até entrar em recessão. Há algumas economias que resistem em aumentar suas taxas básicas para não gerar desemprego e haver impactos eleitorais; porém, sem uma reação das autoridades monetárias locais, a inflação seguirá em alta destruindo o fôlego da produção e do consumo.
No caso brasileiro, é preciso aguardar efeitos de medidas recentes tomadas pelo governo para reanimar a economia e o que ainda deve ser feito por questões eleitorais. A principal iniciativa seria implantar um subsídio aos preços dos combustíveis. A subida da arrecadação, na visão do Palácio do Planalto e do Centrão, daria a sustentação financeira a essa alternativa, mas a expansão da receita é reflexo da inflação. Se ela for controlada e a economia não crescer rapidamente, a próxima gestão terá sérios problemas de caixa.