Os bancos agradecem
Agora, até quem recebe o benefício assistencial aumentado para 600 reais pode fazer empréstimo consignado
Conforme comentei um dia desses, o crédito ou empréstimo consignado para aposentados e pensionistas nunca me pareceu coisa boa. Se não for para ajudar filhos ou netos, a necessidade acontecerá porque o que o beneficiário recebe por mês não é suficiente para a sua sobrevivência; portanto, na grande maioria das vezes vai é complicar mais a situação, deixando o pobre coitado mais devedor. E agora, pra completar, liberam o empréstimo compulsório para os que recebem a bagatela do Auxílio Brasil, “aumentado” para 600 reais (lembrando que no ano que vem pode voltar a 400).
Novamente querem colocar dinheiro na praça, movimentar a economia, lucrando sobre os mais necessitados. Com a “novidade”, os bancos, ao invés de reduzirem os juros – afinal, sendo consignado, descontado na fonte antes do beneficiário receber, não existe inadimplência – aumentaram ainda mais. Ao invés de juros mais acessíveis, trata-se de um empréstimo com baixo risco, estão cobrando taxas verdadeiramente escorchantes, atingindo quase 80% ao ano.
E, com esse empréstimo consignado atingindo os mais necessitados, que recebem o Auxílio Brasil, imaginem a quantidade de golpes que surgirão na praça. O desgoverno federal, ao invés de pagar as dívidas do Estado, inclusive os precatórios de caráter alimentar, prefere fazer “bondades” com o suor dos outros. Da mesma forma ocorreu a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas, comprometendo o Natal. Justo mesmo seria um 14º salário, injetando dinheiro no mercado de consumo e resolvendo um sem número de problemas do povo mais necessitado.
Créditos são muito necessários, especialmente com a crise econômica decorrente de trinta anos de política econômica neoliberal culminando com a pandemia da Covid19. É preciso socorrer as pequenas e médias empresas. Empréstimos sempre são salutares para a sociedade quando se aplicam na produção. Para executar uma boa ideia, o sujeito precisa das máquinas e também de matéria prima e mão de obra. E isso tudo custa dinheiro. Assim, sendo profissional competente, com crédito, solicita o empréstimo bancário, efetua a produção, vende, paga a dívida e ainda tem seu lucro. Assim deveria funcionar o tal do capitalismo. Empréstimo consignado para o devedor pagar dívida anterior, aluguel, luz ou comida, é uma indecência. É indecente o lucro bancário sobre quem recebe o benefício assistencial, de 600 ou 400 reais.
Na falcatrua bancária já estavam incluídos os idosos ou inválidos que recebem o BPC (Benefício de Prestação Continuada) previsto na LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) podendo comprometer até 40% da renda mensal. A mesma sede de lucros dos bancos e instituições financeiras vai atingir também os que recebem o Auxílio Brasil, degeneração da Bolsa Família.
Só os bancos têm o que comemorar.