E os bancos lucram

Ampliaram o empréstimo consignado até mesmo para quem recebe o benefício assistencial de um salário mínimo

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  11/07/22  -  06:43
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/   Foto: Divulgação

Essa história de crédito ou empréstimo consignado para aposentados e pensionistas nunca convenceu o colunista. Se o dinheiro não for para ajudar filhos ou netos, será porque o que o beneficiário recebe por mês não é suficiente para a sua sobrevivência; ou seja, na grande maioria das vezes vai mais é complicar a situação do devedor.


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Na verdade, quem lucra mesmo com isso são os bancos. Nem mesmo reduzem os juros escorchantes que cobram. Considerando que uma boa parte do cobrado pelos bancos seria para cobrir inadimplências, deveria ficar bem mais barato por estar consignado aos proventos garantidos pelo INSS, mas não é o que acontece. Além dos absurdos legais, ainda ocorrem incontáveis golpes, com empréstimos consignados que nunca foram solicitados pelo trabalhador, que vira então devedor.


Os créditos necessários – que a sociedade precisa – seriam para as empresas, especialmente as pequenas, com o enfrentamento após a pandemia e três décadas de neoliberalismo. Na realidade, empréstimo bom sempre é o que se aplica na produção. O cara tem uma boa ideia e máquinas para executá-la; falta matéria prima e mão de obra, e dinheiro para comprar e contratar; solicita então empréstimo bancário, efetua a produção, vende, paga a dívida e ainda tem seu lucro. É o tal do capitalismo. Porém, empréstimo consignado para pagar dívida anterior, aluguel, luz ou comida, é indecente.


Agora, além da PEC Eleitoreira, cuja votação ficou para amanhã, ainda anunciam que até mesmo quem recebe o BPC (Benefício de Prestação Continuada) previsto na LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social) pode solicitar empréstimo consignado, comprometendo até 40% da renda mensal. Só pra lembrar: o benefício assistencial é devido para inválidos ou idosos (65 anos) que estejam em condição de miséria, com menos de um quarto de salário mínimo para cada membro do núcleo familiar. Como se uma família com pai, mãe e dois filhos, vivesse confortavelmente com um salário mínimo. E agora, ainda dispondo de 40% todo mês para pagar as dívidas, descontadas direto na fonte...


Assim foi a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas. Receberam antes, mas quando chegar o Natal não sobrou nada. Muito mais justo seria um 14º salário, injetando dinheiro no mercado de consumo e resolvendo um sem número de problemas do povo mais necessitado.


Da mesma forma, ao invés de ampliar a distribuição de empréstimos consignados (para regozijo dos banqueiros), deveriam recompor os valores das aposentadorias e pensões, e inclusive o do salário mínimo.


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