Port Community System: benefícios e desafios

Rastreamento ágil de cargas e meios de transporte e informações em tempo real são benefícios desta plataforma

Por: Ricardo Pupo Larguesa  -  28/06/22  -  14:37
Porto de Roterdã, na Holanda, é exemplo de informatização nas operações
Porto de Roterdã, na Holanda, é exemplo de informatização nas operações   Foto: Maurício Martins/AT

A operação portuária é sem dúvida uma das operações mais complexas para se informatizar. Envolve integração de múltiplos sistemas com múltiplos atores. Há uma regulamentação muito rigorosa e volátil, de vários órgãos governamentais independentes. Como resultado, um volume enorme de dados trafega por inúmeros sistemas nos mais variados protocolos e formatos para manter toda a comunidade portuária informada sobre os aspectos contextuais mais relevantes para a sua parte da operação.


Em junho de 2011, a European Port Community Systems Association (EPCSA) lançou um white paper intitulado The role of Port Community Systems in the development of the Single Window ou "O papel do sistema portuário comunitário no desenvolvimento da janela única", numa tradução livre.


O conceito de um sistema de informação integrado não era novidade, mas o termo Port Community System (PCS) começou a ser popularizado desde então como a plataforma única de integração entre os múltiplos atores para compartilhamento de informações da operação portuária. De lá para cá, a Europa evoluiu e já utiliza implementações dessa plataforma com sucesso em diversos portos, como o de Roterdã, na Holanda. Rastreamento ágil de cargas e meios de transporte, informações em tempo real e consistência de dados são apenas alguns dos benefícios desta plataforma.


Aqui no Brasil, o Governo Federal publicou em maio deste ano a especificação de um padrão nacional, feito em parceria com a comunidade por meio das entidades de classe. Foi um excelente movimento e sintetiza como objetivo “reduzir o tempo e o custo das operações de importação e exportação e, com isso, melhorar a eficiência dos portos e dessas operações”. Está bem documentado e bem especificado, e agora deve partir para os próximos passos, que são bem desafiadores.


O principal desafio é a adoção. Como qualquer sistema de compartilhamento de informações, os usuários usam se houver dados, mas só há dados se os usuários usam. Então, como promover o uso? Na comitiva Porto & Mar 2022, organizada pelo Grupo Tribuna neste mês, pudemos conhecer o estudo de caso do Porto de Roterdã. No processo de implantação deles, foi possível perceber inspirações de Lean e metodologias ágeis: começaram com alguns serviços e expandiram conforme demanda dos usuários. E começaram pela Autoridade Portuária.


Parece um bom modelo a ser seguido. O Governo Federal já deu o primeiro passo definindo os padrões e a especificação. E deve promover uma resolução regulamentando a implementação. Ainda não se sabe como terá início, mas acredito que a Autoridade Portuária deve ser o primeiro ator do processo a implantar os primeiros serviços, provavelmente para controle de tráfego dos navios. É com muito entusiasmo que acompanhamos esse processo, que deve usar a digitalização dos portos para nos colocar no caminho dos smart ports.


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