D. Pedro II e o professor
Dicas de Portugês, por Dad Squarisi
“Ensinar é o maior ato de otimismo.”
Colleen Wilcox
Viva! Amanhã é Dia do Professor. D. Pedro II reverenciou o mestre com esta citação: “Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências juvenis e preparar os homens do futuro.”
No país dos olhinhos puxados
Dizem que, no Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor. A razão: numa terra onde não há professor, não pode haver imperador. Verdade? Não. Naquele país cheio de rituais, todos se curvam diante do imperador. Mas o único diante do qual Sua Majestade faz leve reverência é o mestre.
Dois papéis?
O professor ensina. O aluno aprende. Certo? Em parte. Volta e meia, os papéis se invertem. Com a moçada pra lá de informada, mestres se atualizam com garotos e garotas que adoram dividir conhecimentos. Basta ter humildade e curtir. De quebra, lembrar a regência do verbo que enriquece uns e outros.
No sentido de dar instrução, a gente ensina alguma coisa a alguém: O professor ensinou a conjugação verbal ao aluno. João ensina os truques da informática ao irmãozinho Rafael. A leitura ensina as belas lições a adultos e crianças.
O ou lhe?
Quer substituir os complementos pelo pronome átono? Fique esperto. O alguma coisa é objeto direto. Pede o pronome o ou a. O alguém é objeto indireto. Exige o lhe. Assim:
O professor ensinou a lição ao aluno. O professor a ensinou ao aluno. O professor lhe ensinou a lição.
João ensina os truques da informática a Rafael. João os ensina a Rafael. João lhe ensina os truques da informática.
A leitura ensina as belas lições a adultos e crianças. A leitura as ensina a adultos e crianças. A leitura lhes ensina as belas lições.
Lições de sabedoria
“Não posso ensinar nada a ninguém. Eu só posso fazê-los pensar.” (Sócrates)
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“Educação gera confiança. Confiança gera esperança. Esperança gera paz.” (Confúcio)
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“Não há mestre que não possa ser aluno.” (Baltasar Gracián)
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“Se você está planejando por um ano, semeie arroz. Se você está planejando por uma década, plante árvores. Se você está planejando para toda a vida, eduque as pessoas.” (Provérbio chinês)
Velhos tempos
A palavra escola nasceu na Grécia. Lá, escrevia-se scholé. Depois, atravessou fronteiras. Passou pro latim. Virou schola. Daí pra frente, ninguém mais segurou a mocinha. Ela figura em muitas línguas. Uma delas é a nossa. O significado de escola?
É o lugar onde a gente estuda. Lá se aprende Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Inglês. Também se vai à biblioteca e aos laboratórios. Ou se gasta uma hora fazendo Educação Física para ficar com o corpinho bem sarado.
Curiosidade
Na origem, escola tinha outra acepção. Queria dizer descanso, pernas pro ar. Sabe por quê? Antigamente crianças trabalhavam — e muito. Só estudava quem não era obrigado a ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Estudar, então, era o contrário de trabalhar. Onde se estudava? No lugar de descanso — a escola.
Leitor pergunta
Li esta frase: “Leo reprovou duas vezes em História”. Está certa?
Sílvio Souza, Porto Alegre (RS)
No caso, Leo não pratica a ação de reprovar. Sofre-a. Em vez de agente, será paciente da ação. Compare: O professor (agente) reprovou o aluno (paciente). O aluno (paciente) foi reprovado pelo professor (agente).
Reparou? Na voz ativa ou passiva, o rei mantém a majestade. Em bom português: o professor reprova. O aluno é reprovado.