Como a 'Incubadora de bons comunicadores' pode estar no lugar mais improvável
Falar em público, no entanto, sempre foi visto como uma habilidade restrita a uns pouco bem-aventurados, que tiveram a sorte de nascer com esse dom
Atualizado em 26/07/19 - 14:50
Falar é um atributo natural dos seres humanos. Usar a linguagem para os relacionamentos possibilitou avanços em diversas esferas do conhecimento. Falar em público, no entanto, sempre foi visto como uma habilidade restrita a uns pouco bem-aventurados, que tiveram a sorte de nascer com esse dom. Quem não teve a mesma sorte, sempre fugiu das situações em que teria que se expor publicamente. Até bem pouco tempo atrás, isso era possível. Mas hoje, mais do que nunca, a habilidade comunicativa é realmente, uma competência importante tanto nos relacionamentos pessoais quanto profissionais, forçando, de certa forma, a exposição oral em qualquer profissão.
Por conta disso, frequentemente sou solicitada a dar algumas “dicas” sobre o que podemos fazer para melhorar a comunicação. E como vivemos em um mundo que tem pressa, a maioria das pessoas gostaria de ouvir uma dica “poderosa”, capaz de transformar instantaneamente sua comunicação. Nessas ocasiões, explico que comunicação não é uma dádiva, é uma construção. Não nascemos falando. Aprendemos a falar ouvindo nossos pais, irmãos, professores. Inicialmente, num processo quase de imitação, que depois vai sendo modificado por nossas características e experiências pessoais. O lado bom disso é que, enquanto houver vida e novas experiências, nossa comunicação pode ser a melhor portadora delas. O lado “ruim” é que não é um processo mágico. É um aprendizado, e como qualquer aprendizado, demanda tempo e precisa de três ingredientes principais: Atenção, repetição e emoção.
Semana passada, assistindo ao Jornal Nacional, fui presenteada com uma reportagem daquelas de encher o coração de esperança. E hoje, ela vai me ajudar a falar sobre esses três ingredientes. O responsável por contar a historia foi o repórter Alan Severiano, que com sensibilidade, conseguiu nos mostrar como, mesmo em um ambiente hostil, árido e sem esperanças, pode brotar uma luz no final do túnel. Ele conta a experiência bem sucedida de uma biblioteca na periferia da cidade de São Paulo que, por falta de espaço, teve que se mudar de um posto de saúde, para o único lugar disponível e com condições de abriga-la na região: um cemitério! Se você puder, assista a matéria inteira porque vale a pena.
Mas por ora, vou destacar três atividades lá apresentadas e que, na minha opinião, são indispensáveis pra quem quer se tornar um comunicador e, porque não dizer, uma pessoa melhor. A primeira, e mais óbvia delas, é o poder da Leitura para a Criação de Repertório. Para que as palavras “brotem” fluentemente em nossas falas e discursos, é preciso que a gente tenha familiaridade com elas e a leitura nos abastece com palavras e conteúdos de uma maneira muito prazerosa. A segunda atividade é a Contação de Histórias para criação de Laços Emocionais, um hábito dos nossas antepassados, hoje tão diluído no meio de tantas demandas e tarefas. E, finalmente, o Trabalho Voluntario para o estabelecimento de Conexão Comunicativa. Falar sobre o que sabemos fazer bem, pra quem quer ou precisa nos ouvir, é um exercício sensacional de comunicação.
Terminei de assistir a essa reportagem com a certeza de que sim, somos animais gregários que gostamos de viver com outras pessoas, e que buscamos bem estar e felicidade. E que é a comunicação que nos liga, que nos une e conecta.
Os ingredientes indispensáveis para a empatia dos bons comunicadores estão por toda parte. Basta olhar com olhos atentos para enxerga-los. Como vimos na reportagem, oportunidades de usar esses ingredientes pra exercitar nossa habilidade comunicativa podem estar até nos lugares mais improváveis e , muitas vezes, estão bem mais próximas do que imaginamos.