Feirantes de Santos resistem ao tempo e consertam de tudo um pouco em suas barracas
Panelas, fogões e outros itens podem ser arrumados todas as manhãs nas feiras livres
![Barracas de pequenos consertos e miudezas mantêm clientela fiel](http://atribuna.inf.br/storage/Noticias/TribunaLab/img4043702013151.webp)
Feirantes que trabalham com consertos de panelas, fogões ou que vendem miudezas em geral ainda resistem ao tempo e às facilidades da vida moderna. “A barraca absorve a demanda das pessoas que ainda querem recuperar as panelas, até porque as antigas têm uma qualidade melhor e se você comprar uma nova nos dias de hoje, o valor será muito mais caro”, explica Marcelo Adriano Gomes, 57 anos, da barraca Fogo Azul.
Mesmo com as restrições impostas pelo governo para controle da pandemia de Covid-19, quando as feiras livres tiveram que ser fechadas por alguns meses, Gomes conta que a demanda aumentou ainda mais, o que fez que trabalhasse somente na oficina que tem na sua casa.
Ele trabalha na feira há cerca de 30 anos, dos quais 25 anos fazendo manutenção de panelas e fogões em geral. “Quem adquiriu o próprio conhecimento de consertar as panelas fui eu, tomando como base a minha criatividade. Fui montando minha própria estrutura, uma bancada própria para esse tipo de trabalho”, explica o feirante.
![Simone aprendeu ofício na própria feira](http://atribuna.inf.br/storage/Noticias/TribunaLab/img3373627812834.webp)
Por conta da demanda das pessoas que o procuraram para fazer o conserto desses utensílios, decidiu que queria trabalhar com isso. O carro-chefe do seu sustento é o conserto de panelas e fogões em geral, representando 70% das suas vendas.
Mudança de rumo
A feirante Simone Ferreira, 50 anos, é atualmente a única mulher da feira livre, em Santos, que trabalha com conserto de panelas e venda de miudezas. “Eu trabalhava em outro ramo, como venda de CD e DVD, mas precisava parar porque não era uma coisa certa”. Ela atua há 8 anos com esse tipo de manutenção e há 20 na barraca com a venda de miudezas.
“Aprendi o básico de conserto com um parceiro da feira e depois fui me virando pra me desenvolver, procurando me aprimorar”, conta Simone.
A feirante também tem uma clientela fixa, que compra com ela desde o início. “É um tipo de conserto que não se encontra facilmente e, com o preço alto das panelas, compensa mais arrumar”, explica Simone.
O aposentado Luiz Antônio, 77 anos, já é cliente da barraca de Simone há cerca de 10 anos. “Frequento aqui por ser muito bem atendido e por ter serviço de qualidade, Venho pra consertar panelas e outros artigos”.
![Trabalho na feira foi opção ao desemprego](http://atribuna.inf.br/storage/Noticias/TribunaLab/img2450676610477.webp)
No caso de Antônio Fernandes dos Santos, 56 anos, que também faz consertos de panelas, fogões e acessórios em geral, iniciar neste segmento foi uma opção por conta das dificuldades que teve com seu antigo emprego. “Eu trabalhava numa empresa de transporte que faliu e fui demitido, aí passei a anunciar que fazia consertos em geral”, conta. Ele já trabalha há mais de 18 anos e diz que sempre teve serviço, por conta da variedade de peças que vende e tipos de consertos que realiza.
![Manuel aproveitou a pandemia para empreender na feira, fornecendo café da manhã](http://atribuna.inf.br/storage/Noticias/TribunaLab/img2779633311056.webp)
Os efeitos da pandemia também proporcionaram oportunidades para quem teve a coragem para empreender. O feirante Manuel Souto, 72 anos, decidiu elaborar um projeto de um trailer que dá a oportunidade de os clientes tomarem o café da manhã na feira. A Cafeteria Rei oferece café, salgados e bolos. Ele teve que empreender por causa dos impactos da pandemia.
“Eu era representante comercial e veio a pandemia. Comecei, então, a pesquisar o que fazer. Pesquisei o que faltava na feira e cheguei à conclusão que faltava alguém que vendesse café da manhã”.
*Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão do professor Paulo Bornsen e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.