Enquanto luta contra o rebaixamento no futebol, Santos é só alegria com equipe de goalball
Um dos destaques do time santista é Leomon Moreno, medalha de ouro na Paralimpíada de Tóquio
No futebol, os torcedores do Santos têm sofrido cada vez mais com o desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro. Mas, nesse momento de preocupação nos gramados, o goalball chama atenção por dar muitas alegrias aos santistas nas quadras. A equipe alvinegra se destaca nesse esporte, praticado por atletas com deficiência visual, e é bicampeã brasileira. Além disso, conta com um dos maiores craques da atualidade e medalhista paralímpico: Leomon Moreno.
Atleta não apenas da parceria entre o Santos Futebol Clube e o Lar das Moças Cegas, mas também da seleção brasileira, Moreno se tornou símbolo do goalball. Além de participar da conquista da medalha de ouro do Brasil nas Paralimpíadas em Tóquio, neste ano, ele foi eleito o melhor jogador do mundo em 2018. Participou das conquistas das medalhas paralímpicas de prata, em Londres, e bronze, no Rio, e tem duas Champions League conquistadas pela equipe do Sporting, de Portugal.
Leomon nasceu em Brasília, e sua história é muito parecida com a de qualquer criança brasileira que tem ambições no futebol. Só que, para ele, tudo ocorreu no goalball. No início da carreira, passou por clubes menores no Brasil. Depois, jogou em equipes na Paraíba e em Brasília, onde foi campeão brasileiro pela União dos Atletas Cegos, até despertar o interesse do Santos em 2016.
Ao se referir à carreira, o atleta destaca o apoio que recebeu de professores, preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos e até de seus irmãos, que já praticavam o esporte e abriram portas para ele.
“Para chegarmos em conquistas individuais em modalidades coletivas, temos que dar créditos a várias pessoas que passaram por nossas vidas. Elas carregam uma parte do meu trabalho. O crédito não é só meu por tudo o que conquistei e ser um dos melhores atletas do mundo. Isso é um trabalho coletivo”.
Histórico e regras
De acordo com a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais, o goalball é o único esporte paralímpico não adaptado e foi desenvolvido especificamente para deficientes visuais.
A modalidade surgiu em 1946, por meio do austríaco Hanz Lorezen e do alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar e socializar os veteranos da 2ª Guerra Mundial que perderam a visão. Durante os Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976, a modalidade foi apresentada como um esporte de alto rendimento.
O esporte se joga com as mãos, mas de forma rasteira, e é praticado com bola. As equipes são formadas por três titulares e três reservas, que exercem ao mesmo tempo funções de ataque e defesa. Há um guizo no interior da bola, e todos os atletas devem jogar vendados, para que não haja benefícios para quem tem percepções luminosas. O objetivo final é balançar as redes de um metro e meio de altura por nove de largura, e assim vencer o jogo.
Leomon considera motivo de orgulho jogar no Santos, berço de muitos craques. Ele se considera um jogador de sorte por poder defender o clube com tantas conquistas no futebol. “O Santos é um grande clube. Vim para cá com a missão de ajudar o time a melhorar, a chegar em condições mais expressivas no Brasil, e foi o que aconteceu. Já fomos duas vezes campeões brasileiros e a parceria está dando muito certo”.
* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna-UniSantos sob supervisão do professor Paulo Bornsen e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.
