Moradores da Vila Belmiro relatam insegurança durante jogos em Santos: 'Tragédia anunciada'

Acontecimentos como a briga generalizada de quarta-feira (20) são frequentes e pioram a cada partida do Peixe

Por: Gabriel Fomm  -  22/07/22  -  14:32
A falta de segurança após o fim dos jogos vem amedrontando os moradores dos entornos
A falta de segurança após o fim dos jogos vem amedrontando os moradores dos entornos   Foto: Matheus Tagé/AT

A atitude de torcedores nos últimos jogos do Santos vem causando medo aos moradores do entorno da Vila Belmiro. Segundo eles, a situação está pior a cada jogo e a sensação é de falta de policiamento.


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Mariana Rocha, aposentada e moradora da Vila Belmiro há dois anos, afirma ter medo toda vez que tem jogo no estádio. “Se eles não tomarem providência, é uma tragédia anunciada mesmo. Todo mundo fica só sinalizando e ninguém faz nada. Estão esperando acontecer uma coisa pior para resolver”, comenta.


“Me sinto muito insegura. Dá medo, ninguém sai de casa mais. No penúltimo jogo, quebraram uma parte que tem em volta da árvore de casa e começaram a jogar (as pedras). Quebraram toda a minha calçada”, relembra a aposentada.


Segurança
Segundo Mariana, o problema é que poucos policiais militares ficam no local para garantir a segurança dos moradores. Ela alega que 'dois gatos pingados’ ficam em frente à sua rua durante os jogos e, quando termina a partida, eles não seguram a multidão que sai do estádio.


“Falta policiamento. Eles colocam em volta do campo e esquecem dos moradores. Fico dentro de casa, porque se você sai na rua para entrar é difícil, dá medo. Quando termina o jogo fico pedindo a Deus para não quebrarem o portão”, relata.


Sem esperança, a aposentada de 66 anos afirma que a situação recorrente está fazendo com que não tenha outra opção a não ser procurar outro lugar para morar. “Já estou pensando até em me mudar, porque eu não sabia que era desse jeito aqui”, diz.


Assim como Mariana, outros moradores acreditam que o esquema de segurança dos jogos deve ser reforçado. A gerente hospitalar Andressa Silva, de 39 anos, diz que não adianta a polícia chegar depois que a confusão começa.


“Eu saio pra trabalhar próximo de começar o jogo e eu não vejo policiamento. Eles aparecem só quando tem briga. O que tem é só para fechar as entradas das ruas para não entrar carros”, afirma.


Moradora do bairro há 12 anos, Andressa conta que antes de uma partida ela e os vizinhos adotam medidas preventivas para evitar vandalismo ou alguma situação inesperada. “A gente fecha as coisas, deixo tudo fechado desde o começo. Eu procuro não sair. Quando acontece alguma coisa a gente fica quietinho dentro de casa, nem olha, nem abre a janela”, explica.


Solução
Para Andressa, a solução é simples. “Eu acho que precisa realmente do policiamento antes, durante e depois do jogo. Não em volta, nas ruas, mas sim no meio dos torcedores”, conta.


Prevenção
Já no caso de Manoel Francisco Correia, um empresário de 88 anos, a prevenção é necessária. “Moro aqui há vinte e dois anos e todo final de jogo é uma confusão. Quando é dia, eu já procuro guardar meu carro. Eu e os outros que tem garagem. Quem não tem, fica na rua”, comenta.


Apesar do medo das confusões, Manoel afirma ter “sorte”. A entrada para o estádio é de frente a sua casa, o que faz com que o policiamento seja maior do que nas outras ruas. “Comigo nunca teve nada, mas aqui na vizinhança sempre tem. Como é bem policiado aqui a entrada da rua não tem confusão”.


Mariana Rocha mora próximo ao carro do Rio de Janeiro que torcedores atearam fogo
Mariana Rocha mora próximo ao carro do Rio de Janeiro que torcedores atearam fogo   Foto: Matheus Tagé/AT

Falta de respeito
Mariana conta, próxima ao carro do Rio de Janeiro que atearam fogo nesta quarta-feira (20), que a situação é precária. “É muita gritaria, esse penúltimo jogo dava medo. Igual um filme de terror que você tá ali sem saber o que vai acontecer. Eles gritavam, batiam, xingavam de todos os palavrões e eles não respeitavam nem os policiais”, relembra.


Até o fechamento desta Reportagem, o Santos Futebol Clube e a Polícia Militar não responderam sobre a situação relatada pelos moradores e se haverá um planejamento para evitar que esses casos não ocorram de novo.


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