Moradores celebram conquistas no BNH em Santos

Conjunto no Aparecida completará 50 anos

Por: Júnior Batista  -  23/10/20  -  00:59
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Um bairro dentro de outro. É de desse jeito que podemos definir o BNH Aparecida, em Santos. No ano que vem, o Conjunto Habitacional Humberto de Alencar Castelo Branco completará 50 primaveras. São 3.288 apartamentos distribuídos em 12 blocos: Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana Inglesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.


Segundo a Prefeitura, não há dados oficiais da quantidade de moradores do conjunto, mas o Censo 2010 do IBGE já mostrava o tamanho do Aparecida: 36 mil moradores, o bairro mais populoso de Santos. 


Quem vive lá hoje só têm a agradecer por morar num local, segundo eles, tranquilo, seguro e com boas opções de transporte público. “Quem fala mal do BNH nunca pisou aqui”, resume Helena Diniz, de 74 anos, moradora do Edifício 8 do Condomínio Peru há mais de quatro décadas.


Infraestrutura


Parte do estigma que paira sobre o BNH tem a ver com sua construção, na época da ditadura militar. Em 1964, a União criou o Banco Nacional da Habitação (BNH), com foco nos operários que queriam a casa própria. 


Em Santos, surgiu em 1971 aquele que seria uma “inspiração” para o Minha Casa, Minha Vida, segundo escreveu a pesquisadora Luciana Correa do Lago, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Social (Ippur/UFRJ), em 2011.


O problema é que os militares construíram os 97 prédios numa área degradada de Santos, sem asfalto e com a rede de esgoto malfeita - em alguns casos a água chegava a desembocar nas pias dos apartamentos térreos, conforme mostrado por A Tribuna em reportagem em 8 de julho de 1982.


Meio século depois, os moradores comemoram avanços na infraestrutura, segurança e coleta de lixo. As ruas do BNH ganharam asfalto, as garagens dos prédios passaram a ter portões e as calçadas foram recuperadas. Quanto ao transporte, a Rua Jurubatuba, principal do complexo, recebe oito linhas municipais.


“Se eu preciso voltar tarde para casa, sinto mais medo na (Avenida) Pedro Lessa (paralela ao conjunto) do que quando entro no BNH”, afirma Helena, que hoje mora com os dois netos pela proximidade dos empregos deles.


Grande família


Antônio Santana, de 63 anos, se lembra do campo de futebol que havia no local que hoje abriga o Praiamar Shopping, inaugurado em 2000, e como o jeito simples de viver daquela época foi mantido. “Aqui é como uma grande família, todos se conhecem, sabem quem mora faz tempo. É muito bom estar aqui”.


Os laços de amizade e a tranquilidade são as características preferidas também da pensionista Ana Stela, de 64 anos, que mora há 42 anos no Condomínio Venezuela. “Todos do prédio se conhecem e cuidam uns dos outros”.


Um dos netos, que estuda e faz artes marciais nas proximidades do Aparecida, mora com ela. E os dois filhos cresceram junto com o bairro, vendo as transformações ao longo do tempo.


“No começo, não tinha asfalto nem portões nas garagens. Quando chovia, dava problema. Hoje, não tenho do que reclamar. É seguro, tem ônibus na porta e a praia é próxima. Gosto demais de morar aqui”.


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