Tripulantes são encontrados sem alimento e água potável em navio no Porto de Santos

Marítimos estão a bordo do cargueiro Srakane, que passa por reparos na Margem Esquerda, em Guarujá

Por: Fernanda Balbino  -  28/04/21  -  18:00
  Tripulação de um dos navios estava sem comer e sem água potável
Tripulação de um dos navios estava sem comer e sem água potável   Foto: Divulgação/Ibama

Um navio sem combustível e com sistema de esgoto saturado, em que tripulantes estão sem água potável e sem alimentação foi flagrado no Porto de Santos, nesta quarta-feira (28). Além disso, outras 18 embarcações foram vistas com os porões abertos na área de fundeio do cais santista. Assim, elas se tornam suspeitas de descarte irregular de resíduos no mar e serão investigados.


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Os flagrantes foram feitos em uma ação que faz parte da Operação Descartes e segue até esta quinta-feira (29). A investigação envolve a Marinha do Brasil, através do Grupamento de Patrulha Naval Sul Sudeste, o Ibama, a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal, além da Polícia Militar Ambiental, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Autoridade Portuária de Santos.


Nesta quarta (28), foram realizadas inspeções por terra, pelo mar e pelo ar. No primeiro caso, equipes inspecionaram embarcações atracadas em terminais localizados nas duas margens do complexo marítimo.


Um dos navios vistoriados é o Srakane, com bandeira panamenha, na Margem Esquerda (Guarujá). Segundo informações obtidas pela reportagem, o caso foi denunciado à Secretária do Trabalho, do Ministério da Economia, e à Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Cesportos) diante das péssimas condições de trabalho dos tripulantes.


Isto porque não havia alimento ou água potável a bordo. O flagrante foi da Anvisa. E, segundo a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, as equipes que participam da operação também vistoriaram a embarcação, que conta com diversos problemas estruturais, como a saturação do sistema de esgoto.


Esta não é a primeira vez que o navio comete essas irregularidades. No ano passado, o Ministério Público do Trabalho chegou a entrar na Justiça para reivindicar a repatriação e pagamento de salários atrasados dos tripulantes. Na época, a estimativa era de que a dívida chegava a US$ 177 mil.


  Investigação nesta quarta-feira envolveu diversas autoridades
Investigação nesta quarta-feira envolveu diversas autoridades   Foto: Divulgação/Ibama

Pelo mar


Outro grupo foi até a área de fundeio do complexo, na Barra de Santos, onde também vistoriaram embarcações que aguardavam por uma janela de atracação. A bordo, os fiscais avaliavam a documentação das embarcações, além de analisarem livros de bordo, com detalhes sobre o dia a dia da tripulação e dos cargueiros.


Informações como cronograma de limpeza de porões, recebimento de suprimentos para consumo de bordo e condições das embarcações também foram apuradas. Segundo a responsável pelo Ibama na região, em outra frente, a aeronave do órgão identificou 18 embarcações que devem ser investigadas.


O flagrante foi feito pelo avião Posseidon, do Ibama, que fará sobrevoos na região até esta quinta-feira (29). Ele trafega a cerca de 3 mil metros de altitude, em uma rota que passa sobre o canal de navegação do cais santista e plataformas de petróleo.


“Agora vai da nossa investigação. Todos com porões abertos. Se tornam suspeitos, mas não significa que estavam realizando a limpeza. Agora, vai de nossa investigação e abordagem quando atracarem”, explicou Ana Angélica.


 Flagrantes foram feitos em uma ação que faz parte da Operação Descartes
Flagrantes foram feitos em uma ação que faz parte da Operação Descartes   Foto: Divulgação/Ibama

Plataformas


Três embarcações foram identificadas nas proximidades de plataformas de petróleo, o que é ilegal. Elas serão autuadas pela Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) e pela autoridade ambiental. Segundo a Marinha do Brasil, a distância mínima necessária para garantir a segurança é de 500 metros.


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