Simulação criada por estudante indica gargalos e soluções no Porto de Santos
Aluno da Fatec em Santos simulou os processos logístico e operacional do terminal em que trabalha; confira o resultado
Os gargalos em operações portuárias, embora muitas vezes conhecidos pelas empresas, são deixados de lado pela falsa sensação de normalidade. A situação, porém, ganha outros contornos quando a atividade colapsa ou números evidenciam o problema. Um aluno de Gestão Portuária da Faculdade de Tecnologia (Fatec) em Santos simulou, na instituição, os processos logístico e operacional do terminal em que trabalha. O resultado? Um gargalo no desembarque da carga: 95% da capacidade máxima.
“Quando as pessoas têm um número concreto, um percentual na mão, acredito que o impacto é diferente. Levei para o pessoal, que ficou surpreso”, disse Alves.
O trabalho de Alves foi desenvolvido sob supervisão do professor titular da disciplina de Simulação, o engenheiro de produção Ricardo Reiff Guedes Pinto, do curso de Gestão Portuária da Fatec. Para chegar a resultados, o software (Arena) requer informações operacionais da empresa — o processo mais demorado.
O profissional coletou os dados da cadeia logística e operacional do suco NFC, da saída da carga da usina ao desembarque no terminal onde atua.
O principal gargalo foi encontrado na ponta final, no desembarque de suco, onde 95% das áreas ficam ocupadas — o levantamento ocorreu no período de maior movimento da carga, de novembro a março.
Segundo o técnico de manutenção, há riscos em trabalhar no limite, como a empresa atua durante a temporada. Ele explica que, se um caminhão tiver problema, toda a fila em espera é prejudicada, o que resulta em perdas financeira, de carga, de prazos.
“O resultado é imediato, praticamente. O que demora: a estruturação, o levantamento dos tempos dos processos. É o antes que demora”, explica Reiff.
Alexsandro Alves comenta que o software de simulação usado para chegar ao índice é uma versão simples. Segundo ele, há uma versão profissional, com mais detalhamento. “É bom você trabalhar com um simulador porque pode saber onde pode mexer (para melhorar). Imagine ter mais informações (com a versão profissional).”
Além de apresentar os resultados, com os pontos com gargalos, o sistema mostra qual seria o limite ideal para operar. “O simulador mostrou um limite de 85%. Quando se está dez pontos a mais (como é o caso), a margem é considerada perigosa. Neste caso, a solução seria aumentar pontos de descarga (do produto).”
Trabalho reduz riscos e melhora processos
“A maior parte delas (empresas) trabalha com conhecimento empírico, o conhecimento do processo. Cada um conhece o seu e acha que está funcionando bem. Não tem nem tempo de parar e pensar se pode ser um pouco melhor, já que está atendendo a demanda”, analisa.
“Esse software mostra, através de relatórios, onde estão os gargalos do sistema. E, através dele, é possível entender: será possível ser mais produtivo? Será que pode haver um tempo menor de processo? E, daí, são estudados todos os cenários e possibilidades”, aponta Reiff. O professor ressalta que o sistema pode ser aplicado nas operações de quaisquer produtos.